São Paulo, quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Ex-ministro é candidato único à Academia Paulista de Letras hoje

Eros Grau tenta vaga na entidade de SP, após não ter conseguido vaga em eleição da Academia Brasileira de Letras no ano passado

MARCIO AQUILES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Após ter perdido a eleição para a Academia Brasileira de Letras em 2010, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Eros Grau tenta hoje uma vaga na Academia Paulista de Letras (APL).
Assim como ocorreu na última eleição, quando o ex-ministro da Justiça José Gregori foi eleito com candidatura única, Eros Grau não terá concorrentes.
Para o atual presidente da entidade, Antonio Penteado Mendonça, isso não demonstra falta de interesse dos intelectuais pela instituição.
"Não é uma questão de baixa procura, mas há nomes que são consenso entre os acadêmicos. Eu te garanto que há umas 12 pessoas que adorariam entrar, mas que, pelo fato de Eros Grau ser um nome muito forte, preferem aguardar mais um pouco."
"A academia é baseada em ritos. Não adianta chegar um 'paraquedista' e dizer: 'Ganhei o Prêmio Nobel de Literatura'. Se não conhecer e 'namorar' os acadêmicos, não entra", completa.
Mesmo sendo o único candidato à cadeira 11, Grau precisa de 20 votos -de um total de 39- para se eleger. O acadêmico e advogado Ives Gandra Martins, que foi presidente da APL entre 2005 e 2006 e que faz parte de outras 30 academias, diz ter sido um dos "patrocinadores" da candidatura de Grau.
"Se eleito, acho que ele fará uma excelente contribuição para a academia", diz. Eros Grau é autor de dezenas de livros sobre direito, mas publicou apenas um romance, "Triângulo no Ponto" (ed. Nova Fronteira, R$ 33, 144 págs.), em 2008.
Para o crítico literário Fábio Lucas, também membro da academia paulista, há nessas instituições uma "inflação de não escritores". "Sou sempre favorável a pessoas provindas diretamente da produção literária. O Eros me mandou seu romance e verifiquei que ele tem qualidades de criação literária que eu desconhecia."
Segundo a professora de teoria literária da Unicamp Maria Eugenia Boaventura, o estatuto prevê a eleição de figuras importantes de outras áreas, além da literatura.
Mas ela ressalta: "Essa mistura poderia ser um elemento dinamizador, mas, no caso, parece um complicador". A professora de teoria literária da USP Aurora Bernardini compartilha desta opinião. "Pessoas que escrevem outros textos de história, de direito e de economia estão preocupadas com a verdade, com a estatística etc. Isso desvirtua, pois não tem a ver com a feitura artística."

JOSÉ SIMÃO
O colunista está em férias.


Texto Anterior: Rubricas
Próximo Texto: Contardo Calligaris: De 11 a 15 de setembro de 2001
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.