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TELEVISÃO CRÍTICA
'Por Amor' tenta conquistar com clichês
MARIANA SCALZO
da Reportagem Local
"Por Amor", que estreou anteontem na Globo, não inova. A
nova novela das oito leva mais
uma história de amor, dramas cotidianos e muitos -mas muitos
mesmo- clichês para o grande
caldeirão de dramas que se tornou
o horário nobre da televisão.
A trama alcançou a média de 48
pontos de audiência em sua estréia. Cada ponto de audiência
equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo.
Manuel Carlos, 64, autor da história, faz em "Por Amor" um arroz com feijão, muito diferente das
últimas atrações que preencheram
o horário nos últimos tempos
-não que as anteriores tenham
mais mérito. Mas o novelista sabe
temperar seu trivial.
Depois de oito meses vivendo o
cotidiano fantasioso de Greenville,
de "A Indomada", o telespectador
voltou a cidades reais. Primeiro,
Veneza. A trama começa na cidade
italiana mostrando a viagem de
Helena e Eduarda (Regina e Gabriela Duarte), mãe e filha, as duas
protagonistas da trama.
Desde as primeiras tomadas, o
que se viu foi um amontoado de
clichês: o amanhecer na cidade, a
Piazza San Marco e as protagonistas já discutindo o amor.
Depois veio o Rio de Janeiro, e
mais uma vez uma panorâmica já
exibida à exaustão em outras tantas novelas. A partir dali, o telespectador começou a conhecer os
outros personagens da trama.
Branca (Susana Vieira) recebe
um grupo de amigos. Novamente,
uma discussão sobre o amor.
Os diálogos trabalham uma linguagem simples, com frases que
todo mundo já ouviu, ou até mesmo disse ou pensou: "Ciúme acaba cansando", "Sogra é praticamente da família", "Quero um
homem que me acrescente e a
quem eu acrescente, porque casamento tem de ter mão dupla", ou
ainda "Você acredita em amor à
primeira vista".
"Por Amor" investe no cotidiano, buscando identificação com
qualquer universo e, por consequência, qualquer telespectador.
Pode parecer um pouco raso e
simplista. Mas é necessário ter em
mente que "Por Amor" é uma história para ser contada no horário
nobre da emissora de maior audiência do país.
Então, o objetivo é conquistar.
Para isso a trama lança mão de elementos de fácil digestão: as presenças de Regina Duarte, Antônio
Fagundes e do novo galã Fábio Assunção, e trilha sonora com participação de Fábio Jr., revivendo um
sucesso brega dos anos 80.
Como já disse Paulo Ubiratan,
que supervisiona a direção da novela: "Essa não tem erro". É bem
provável que não.
O colunista José Simão está em férias.
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