São Paulo, Sexta-feira, 15 de Outubro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GASTRONOMIA
Delis revigoradas satisfazem os paulistas

CRISTIANA COUTO
especial para Folha

Duas novas casas, abertas recentemente em São Paulo, sinalizam o resgate das delicatessen norte-americanas na cidade.
Elas atraem gourmets solitários e começam a preencher um filão gastronômico voltado para aqueles que procuram uma refeição rápida com qualidade, que fuja do ambiente formal de um restaurante ou das centenas de quilos que proliferaram nos últimos tempos.

Chefs
Os recém-inaugurados Carlotinha e Empório Dinho's se apóiam em chefs consagrados e estabelecimentos de renome.
Vieram para incrementar o "eat in or take out" (para comer ou para viagem) paulistano, que teve seus primeiros clientes nos balcões das cozinhas judaicas e que, recentemente, chamou a atenção dos modernos com a abertura da deli Namesa.
Casas tradicionais como Z-Deli e Soshi Deli Shop apostaram, há mais de uma década, na comida "que o freguês pode ver e levar o quanto quiser", nas palavras de Shoshana Barusch, 50, proprietária da Soshi.
Atualmente, são outras as palavras de ordem. "Não aguentávamos mais comida de luxo", desabafam Nando Buco e Carla Pernambuco, que decidiram reeditar os primórdios do restaurante Carlota, a deli que se tornou restaurante.
Reformaram o bar anexo ao restaurante Lolita (o segundo da dupla) e, com nove mesinhas e um balcão refrigerado, em que ficam expostas saladas e menus grafados em lousas pelas paredes, abriram o Carlotinha, com comidinhas mais simples para levar para casa ou comer por ali, informalmente.
Embalagens plásticas, duas opções diárias de pratos pré-preparados e inovações, como um mix de saladas e minisobremesas, garantem refeições leves e rápidas.
Mais amplo, o Empório Dinho's aposta no almoço ligeiro.
"A idéia partiu das delis nova-iorquinas e da nossa vontade de fazer pães e doces", conta o chef Paulo Sérgio Zegaib, sócio-proprietário da casa, que optou por um cardápio enxuto de saladas e pratos quentes para agilizar a escolha do cliente.
Há também sobremesas dispostas no balcão, café da manhã a qualquer hora e pães feitos à vista de quem passa pela rua. "Mas o café no balcão não pegou. O brasileiro quer tomá-lo na mesa, diferentemente do americano, que chega a comer em pé", observa Zegaib.

Rapidez e qualidade
Mesmo com embalagens práticas e pratos pré-preparados, cerca de 70% dos que optam pelas delis preferem fazer a refeição no local. Rapidez e qualidade da comida são os itens mais citados pelos clientes.
"O tempo que gasto para comer aqui é o que levo para esperar uma mesa em um restaurante", avalia o administrador de empresas Júlio Saba, 40, que almoçou em 30 minutos no Empório Dinho's.
"É rápido e informal, com pratos bem feitos", completa o economista Bruno Miranda, 28.
Outro mérito das novas delis é atrair gourmets solitários, que geralmente evitam o ambiente menos descontraído de um restaurante.
"Pelo menos 15% dos clientes vêm aqui desacompanhados", diz Carla Pernambuco.
"É pequenininho e casual, onde se fica à vontade para comer sozinho", avalia o economista Luciano Coutinho, 52.


Texto Anterior: Rádio: "Na Balada" leva raves e clubes ao dial
Próximo Texto: Mundo de Baco - Jorge Carrara: Ainda há vinhos portugueses bons e baratos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.