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ERIKA PALOMINO
Michel Euler/Associated Press
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O estilista alemão Karl Lagerfeld e a atriz Nicole Kidman, no desfile da coleção Chanel, em Paris |
MODA DE PARIS SE RENDE AO CULTO ÀS CELEBRIDADES
Quem diria, até a capital da
moda se rende à cultura das celebridades e a esse marketing.
Sinal de mudança dos tempos,
uma era em que a moda precisa
das celebrities e vice-versa. E
olha que quem sempre gostou
de famosos eram Nova York e
Milão, com toda a sorte de starlets de TV e gente de Hollywood aqui e ali (em Armani e
Versace, principalmente).
Duas grandes ações (como se
diz no meio) movimentaram
Paris na temporada de lançamentos do prêt-à-porter de verão 2005, que terminou na cidade na última segunda-feira, encerrando um mês de desfiles internacionais (sem falar na presença de Gwyneth Paltrow na
Stella McCartney e no perfume
Love Bomb, de Viktor & Rolf).
A mais grandiosa delas foi o
desfile da Chanel. Para começar, a apresentação toda foi
montada como um grande red
carpet, ou seja: sua ambientação, na enorme sala do Carrousel do Louvre (sede oficial dos
desfiles), era como se fosse uma
entrada para um prêmio (Oscar, festival de Veneza,
Grammy, Cannes...). As modelos caminhavam sobre uma
passarela de tapete vermelho e
eram seguidas por uma série de
fotógrafos falsos, que espocavam flashes gigantes, aumentando a tensão e o glamour inerente às luzes vindas do pit
quando vão se aproximando as
garotas, algo que faz parte da
própria magia da moda. Ah, e
também uma breve alusão ao
fato de que todos os longos presentes nas coleções de hoje são
pensados para essas ocasiões de
red carpet mesmo...
A primeira entrada foram as
supermodels dos anos 90: Linda, Kristen (a mesma que havia
aparecido na Prada, em Milão),
Nadja Auermann, Naomi, Amber Valetta, usando vestidos...
longos. Faltou Kate Moss, que
parece que não aceitou o convite para participar desta homenagem. Elas entraram vindas
do lado contrario da passarela.
Ao chegar à boca de cena, mais
"fotógrafos" e pronto. A mágica estava feita.
VUITTON TEM HOLLYWOOD E HIP HOP
Enquanto isso, outra marca se
exercitou no vocabulário do
marketing e das celebridades, a
Louis Vuitton desenhada por
Marc Jacobs. Com 150 anos de
vida, a Vuitton já entendeu há
um tempinho que precisa sempre dar uma chacoalhada para
não ficar na saudade. O primeiro passo deles foi justamente o
de chamar Jacobs, em 97. Ele já
chamou para colaborar com a
grife o artista Takashi Murakami, a ilustradora Julie Verhoeven, o grafiteiro/estilista Stephen Sprouse. Em 2003, convocou a popozuda Jennifer Lopez
para ser sua garota-propaganda, numa curiosa subversão de
rua/luxo; hi&lo. Em sua publicidade de inverno, acionou as
atrizes Scarlett Johansson,
Chloé Sevigny e Christina Ricci.
E foi Ricci quem abriu o desfile
de verão em Paris, atravessando
a passarela para se sentar ao lado justamente da editora Anna
Wintour -que adora atrizes na
capa de sua "Vogue" América.
E não foi só. Jacobs aproveitou
para lançar a linha de óculos da
LV criada em parceria com o
produtor de hip hop Pharrel
Williams (Neptunes/ N.E.R.D.),
uma das novas estrelas da música, responsável por ter produzido Kelis e Usher, sem falar no
hino "Frontin". Ele é superfa-
shion e tem uma linha de tênis.
Pois os óculos, cheios de cultura
de rua, são vermelhos, dourados, azuis, com brilho, de gatinho... Extravagantes. Vai ser
uma delícia ver as endinheiradas consumidoras da Vuitton
como personagens da real estética de hip hop de NY, um dos
estilos mais influentes do momento, de fato. Esperto, Jacobs
baseou toda a edição dos looks
de seu desfile no jeitão assim
meio vintage e descolado da jovem modelo Querelle, 15, em
suas roupas da vida real. Tudo
ao som do Munk, deste álbum
"Aperitivo", de que falei aqui na
semana passada, antes do desfile!! Viu? Confirmou.
SUPERMODELS X NICOLE KIDMAN
Aliás, a mágica se instalara antes. Quando da entrada de Nicole Kidman. Sua presença já
havia sido antecipada e bem antes do início do desfile os fotógrafos já haviam feito uma parede humana em frente ao seu
lugar, na primeira fila. O que se
seguiu depois de sua entrada foi
pura histeria. Eles perderam o
controle e tiveram que reforçar
a segurança, enquanto a bela
Nicole se mantinha impávida.
O nervosismo se justificava: a
atriz é hoje a maior estrela de
Hollywood. Magra, alta, fa-
shion, linda; amada pela "Vogue" América, por homens e
mulheres, um ícone dos nossos
tempos. Nicole também vem a
ser a garota-propaganda do
perfume Chanel número 5,
símbolo atemporal de luxo e feminilidade. Criado em 1922 pela própria Coco Chanel em si, o
número 5 é o primeiro grande
momento da perfumaria mundial, que ali instalou o processo
das fragrâncias como alavanca
das vendas das roupas, complemento do universo dos estilistas. É considerado um clássico.
E como tal, nos dias de hoje, carece de uma ajudazinha dos
marqueteiros para não se tornar uma velharia; precisa permanecer desejado pelas jovens
gerações. Assim, no novo e esperado filme publicitário do
produto, Nicole aparece ao lado
de Rodrigo Santoro, que poderia ter ido junto ao evento, não?
Quem esteve lá com ela foi o diretor Baz Luhrmann, de "Moulin Rouge" e do novo filme.
E, quando entra o estilista Karl
Lagerfeld, os fotógrafos (agora
os de verdade) vão à loucura: ele
pára diante da atriz e a convida
para subir à passarela, que segundos depois é completamente invadida. Caos total. Vêm as
modelos, até ontem as estrelas
de Paris. Ninguém dá atenção
para elas, e Naomi Campbell se
irrita, puxando a fila de suas colegas super para fora da passarela. Sinal dos tempos mesmo.
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