São Paulo, sexta-feira, 15 de outubro de 2010

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"Babel" testa ficção científica no teatro

Sem efeitos especiais, peça se inspira em universo futurista criado por Philip K. Dick em "O Caçador de Androides"

Montagem da italiana Letizia Russo retrata a história de um amor infeliz em civilização à beira do colapso

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Falso ou verdadeiro? Por suas limitações físicas e espaciais, o teatro não é um lugar de excelência para a ficção científica, como o são a literatura e o cinema.
Ou não o é até o momento em que um dramaturgo tome coragem, como é o caso da jovem italiana Letizia Russo, autora de "Babel", que estreia no Sesc Pinheiros.
A experiência de inserir, sem a ajuda de efeitos especiais, uma história num futuro modificado pela tecnologia, pela ciência e também pelas sobras de uma natureza bárbara do ser humano é o que norteia a peça.
Para criar esse universo, Russo, que já recebeu o prêmio teatral italiano Ubu, se inspira em "O Caçador de Androides", de Philip K. Dick, livro que deu origem ao filme "Blade Runner", dirigido em 1982 por Ridley Scott.
Em primeiro plano, corre a história de um amor infeliz entre um homem e uma mulher. Ao fundo, uma civilização à beira do colapso será montada tão somente pelos diálogos travados entre os dois protagonistas.
A encenação de Alvise Camozzi até dá uma mãozinha, ambientando a peça em uma arquitetura imaginária.
Um cubo branco de dimensões irregulares, com paredes vazadas, ambienta um pequeno apartamento de um condomínio gigante com milhares de residências.
Mas as referências a leis específicas do tempo futuro, bem como as alusões às ferramentas tecnológicas e aos lugares imaginários, não são expostas didaticamente.
Cabe ao espectador montar o quebra-cabeça descobrindo o significados de siglas como N.A.V.E. ou o que raios é um tal lugar chamado Shá-Mat.
O tema universal do amor facilita as coisas, como acontecia em "Só", a primeira parceria entre Camozzi e Russo em São Paulo.
O monólogo, de 2009, rendeu um prêmio Shell ao ator João Miguel -dos filmes "O Céu de Suely" (2006), de Karim Aïnouz, e "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005), de Marcelo Gomes.

BABEL

QUANDO sex. e sáb., às 21h, e dom., às 18h; até 7/11
ONDE Sesc Pinheiros (r. Paes Leme, 195, tel. 0/xx/11/3095-9400
QUANTO de R$ 4 a R$ 16
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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