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"Babel" testa ficção científica no teatro
Sem efeitos especiais, peça se inspira em universo futurista criado por Philip K. Dick em "O Caçador de Androides"
Montagem da italiana Letizia Russo retrata a história de um amor infeliz em civilização
à beira do colapso
GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Falso ou verdadeiro? Por
suas limitações físicas e espaciais, o teatro não é um lugar de excelência para a ficção científica, como o são a
literatura e o cinema.
Ou não o é até o momento
em que um dramaturgo tome
coragem, como é o caso da jovem italiana Letizia Russo,
autora de "Babel", que estreia no Sesc Pinheiros.
A experiência de inserir,
sem a ajuda de efeitos especiais, uma história num futuro modificado pela tecnologia, pela ciência e também
pelas sobras de uma natureza bárbara do ser humano é o
que norteia a peça.
Para criar esse universo,
Russo, que já recebeu o prêmio teatral italiano Ubu, se
inspira em "O Caçador de Androides", de Philip K. Dick, livro que deu origem ao filme
"Blade Runner", dirigido em
1982 por Ridley Scott.
Em primeiro plano, corre a
história de um amor infeliz
entre um homem e uma mulher. Ao fundo, uma civilização à beira do colapso será
montada tão somente pelos
diálogos travados entre os
dois protagonistas.
A encenação de Alvise Camozzi até dá uma mãozinha,
ambientando a peça em uma
arquitetura imaginária.
Um cubo branco de dimensões irregulares, com
paredes vazadas, ambienta
um pequeno apartamento de
um condomínio gigante com
milhares de residências.
Mas as referências a leis
específicas do tempo futuro,
bem como as alusões às ferramentas tecnológicas e aos
lugares imaginários, não são
expostas didaticamente.
Cabe ao espectador montar o quebra-cabeça descobrindo o significados de siglas como N.A.V.E. ou o que
raios é um tal lugar chamado
Shá-Mat.
O tema universal do amor
facilita as coisas, como acontecia em "Só", a primeira parceria entre Camozzi e Russo
em São Paulo.
O monólogo, de 2009, rendeu um prêmio Shell ao ator
João Miguel -dos filmes "O
Céu de Suely" (2006), de Karim Aïnouz, e "Cinema, Aspirinas e Urubus" (2005), de
Marcelo Gomes.
BABEL
QUANDO sex. e sáb., às 21h, e
dom., às 18h; até 7/11
ONDE Sesc Pinheiros (r.
Paes Leme, 195, tel.
0/xx/11/3095-9400
QUANTO de R$ 4 a R$ 16
CLASSIFICAÇÃO 14 anos
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