São Paulo, sábado, 15 de outubro de 2011

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Produzida por Camelo, Mallu lança 3º CD

"Pitanga" tem 12 canções autorais e é a transcrição em música do casamento entre os dois artistas, há um ano

Diferentemente dos dois trabalhos anteriores da cantora, álbum tem maioria das letras em português

MARCUS PRETO
DE SÃO PAULO

Mallu Magalhães e Marcelo Camelo se casaram há cerca de um ano. Viveram inicialmente em um apartamento alugado em Pinheiros, São Paulo -terra dela. E, há dois meses, mudaram-se para o Leblon, no Rio -terra dele.
Tal qual "Toque Dela", álbum que Camelo lançou no começo do ano, "Pitanga", o trabalho de Mallu que chega agora às lojas, é a transcrição desse casamento em música.
Todas as canções foram escritas por Mallu sozinha, como é hábito dela. Mas já sob a nova realidade, em que Camelo é presença inseparável.
O marido é o produtor do disco. E, conversando sobre as diferenças entre produzir-se e produzir a mulher, ele fala em fertilidade. É como plantar uma árvore no deserto do Saara (o dele) ou na floresta amazônica (a dela).
Em agosto, Mallu completou 19 anos, quase quatro de carreira. Três CDs e um DVD.
Para "Pitanga", ela tinha 44 músicas novas e, a cada sessão de estúdio, chegava com mais uma ou duas, feitas na virada daquela noite.
As letras em inglês que dominavam o primeiro álbum e representavam 50% do segundo agora são minoria. E mesmo essas ganharam estrofes, versos ou ao menos uma palavra em português.
Para Camelo, elas entraram para deixar "Pitanga" mais "pra cima". Mallu tende a compor temas mais animados em inglês. Para ela, assumir na música o idioma em que fala na vida tem significados mais profundos.
"Quando comecei a tocar, eu era uma criança. Havia um descompasso entre meu corpo e a cabeça e o coração", diz. "É como se eu já fosse uma mulher e não tivesse assumido isso. Escrevia em inglês coisas que não tinha coragem de dizer. Agora, não tenho mais nada a esconder."
Isso possibilitou, por exemplo, que ela cantasse versos como "Quero virar sua pele/ Quero tirar sua roupa".
Foi também o descompasso entre a menina e a mulher -que namorava o homem 14 anos mais velho- que causou os maiores problemas de, digamos, "comunicação" entre artista e público.
Primeiro, Mallu era a "menina prodígio", "fofa", "que sabia cantar um Bob Dylan que nem gente grande" -e todo mundo entrou na dela.
Num segundo momento, a menina mostrou que não era nem queria ser nada daquilo. Tinha suas próprias angústias e sombras -e ninguém queria ver angústia em uma menina tão novinha.
Perdeu muitos fãs da primeira hora, segundo ela, "pelo velho problema que a gente tem de negar e rejeitar o que é diferente da gente".
Agora, no terceiro round, parece ter chegado a hora de colocar as coisas no lugar.
"Quando se encontra uma pessoa e se sente completo, não precisa mais corresponder a expectativas de família, de público. Esse amadurecimento é minha bandeira."
Até que a morte os separe.



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