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Sucesso do rapper na música e nas telas -com o recém-lançado "8 Mile"- evoca a trajetória do "rei do rock"
Eminem o Elvis do século 21
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Tinha tudo para dar errado. Primeiro, porque os tempos têm sido cruéis com músicos que se arriscam como atores. Basta ver o
que aconteceu com Mariah Carey,
em "Glitter" -que virou cult de
tão ruim e não rendeu nem US$
10 milhões-, e com Madonna.
Segundo, porque o protagonista
é adorado por seus fãs e odiado
por seus detratores com a mesma
intensidade. Mas "8 Mile" veio,
viu e venceu. O filme, que romanceia a vida do rapper Eminem e
traz o próprio no papel principal,
estreou sexta passada nos EUA
batendo recordes e sendo bem recebido pela crítica.
É a segunda maior bilheteria de
estréia de um filme com classificação "R" (menores de 17 anos só
entram com os pais): US$ 54,5
milhões no primeiro fim de semana, US$ 3,5 milhões a menos que
o recorde de "Hannibal".
Analistas de Hollywood estão
quebrando a cabeça tentando entender o fenômeno. Um dos motivos, dizem, é o fato de a trilha sonora já estar sendo vendida semanas antes da estréia, o que ajudaria a pavimentar o caminho que
levou ao sucesso do filme.
Realmente, "8 Mile", a trilha,
entrou na sua segunda semana
em primeiro lugar entre os mais
vendidos nos EUA, com 1,2 milhão de cópias. O sucesso puxou
as vendas até do CD anterior do
rapper, "The Eminem Show",
lançado no começo do ano, que
fechou a semana em oitavo.
É a primeira vez na história que
um mesmo artista está em primeiro lugar nas bilheterias de cinema e nas vendas de CD e, de
quebra, tem outro disco entre os
dez mais. "É o novo Elvis", disse o
escritor Jack Mathews, especializado em indústria cultural.
O argumento de Mathews faz
sentido. Assim como o rapper de
30 anos, Elvis Presley (1935-1977)
também se apropriou de um ritmo negro e fez sucesso entre os
brancos.
Igualmente, ele era acusado de
ser um corruptor da juventude e
fez sua estréia nos cinemas depois
de ser sucesso na música (em
1957, com o western "Love me
Tender"). A diferença é que Elvis
fez 40 filmes depois disso, e Eminem diz que vai parar por aqui.
Se não parar, afirmam os analistas, é melhor que se mire no
exemplo de outros músicos que
viraram atores de renome, como
Will Smith e Mark Wahlberg. "Ele
tem de ter cuidado para não se intoxicar com o sucesso de "8 Mile" e
aceitar qualquer coisa", disse
John Shaw, presidente da Movieline International.
Ele tem razão, pois o outro motivo apontado para o sucesso de
"8 Mile" é a direção segura de
Curtis Hanson, o mesmo de "Los
Angeles - Cidade Proibida" e "Garotos Incríveis", que fez de "8 Mile" um filme interessante mesmo
para quem não é fã do rapper. Os
brasileiros poderão conferir a
partir de 14 de fevereiro de 2003.
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