São Paulo, sexta-feira, 15 de novembro de 2002

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Sucesso do rapper na música e nas telas -com o recém-lançado "8 Mile"- evoca a trajetória do "rei do rock"

Eminem o Elvis do século 21

SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK

Tinha tudo para dar errado. Primeiro, porque os tempos têm sido cruéis com músicos que se arriscam como atores. Basta ver o que aconteceu com Mariah Carey, em "Glitter" -que virou cult de tão ruim e não rendeu nem US$ 10 milhões-, e com Madonna.
Segundo, porque o protagonista é adorado por seus fãs e odiado por seus detratores com a mesma intensidade. Mas "8 Mile" veio, viu e venceu. O filme, que romanceia a vida do rapper Eminem e traz o próprio no papel principal, estreou sexta passada nos EUA batendo recordes e sendo bem recebido pela crítica.
É a segunda maior bilheteria de estréia de um filme com classificação "R" (menores de 17 anos só entram com os pais): US$ 54,5 milhões no primeiro fim de semana, US$ 3,5 milhões a menos que o recorde de "Hannibal".
Analistas de Hollywood estão quebrando a cabeça tentando entender o fenômeno. Um dos motivos, dizem, é o fato de a trilha sonora já estar sendo vendida semanas antes da estréia, o que ajudaria a pavimentar o caminho que levou ao sucesso do filme.
Realmente, "8 Mile", a trilha, entrou na sua segunda semana em primeiro lugar entre os mais vendidos nos EUA, com 1,2 milhão de cópias. O sucesso puxou as vendas até do CD anterior do rapper, "The Eminem Show", lançado no começo do ano, que fechou a semana em oitavo.
É a primeira vez na história que um mesmo artista está em primeiro lugar nas bilheterias de cinema e nas vendas de CD e, de quebra, tem outro disco entre os dez mais. "É o novo Elvis", disse o escritor Jack Mathews, especializado em indústria cultural.
O argumento de Mathews faz sentido. Assim como o rapper de 30 anos, Elvis Presley (1935-1977) também se apropriou de um ritmo negro e fez sucesso entre os brancos.
Igualmente, ele era acusado de ser um corruptor da juventude e fez sua estréia nos cinemas depois de ser sucesso na música (em 1957, com o western "Love me Tender"). A diferença é que Elvis fez 40 filmes depois disso, e Eminem diz que vai parar por aqui.
Se não parar, afirmam os analistas, é melhor que se mire no exemplo de outros músicos que viraram atores de renome, como Will Smith e Mark Wahlberg. "Ele tem de ter cuidado para não se intoxicar com o sucesso de "8 Mile" e aceitar qualquer coisa", disse John Shaw, presidente da Movieline International.
Ele tem razão, pois o outro motivo apontado para o sucesso de "8 Mile" é a direção segura de Curtis Hanson, o mesmo de "Los Angeles - Cidade Proibida" e "Garotos Incríveis", que fez de "8 Mile" um filme interessante mesmo para quem não é fã do rapper. Os brasileiros poderão conferir a partir de 14 de fevereiro de 2003.

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