São Paulo, quarta-feira, 15 de novembro de 2006

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Morre o poeta Ronaldo Azeredo, 69

Autor de "Velocidade", ele era considerado o "mais autêntico" da poesia concreta por Décio Pignatari

DA REPORTAGEM LOCAL

Ronaldo Azeredo publicou apenas 29 trabalhos, ao longo de 50 anos, mas era considerado por Décio Pignatari o "mais autêntico da poesia concreta". Azeredo morreu ontem, aos 69 anos, por volta das 6h30, no hospital Professor Edmundo Vasconcelos, em São Paulo, de complicações de uma insuficiência renal. O corpo será cremado hoje, às 10h, no cemitério da Vila Alpina.
Augusto de Campos lamentou a morte de Azeredo, "mais um companheiro de viagem que se vai", como José Lino Grünewald, que também morreu antes de completar 70 anos. Campos lembrou que seu poema "Velocidade" "corre o mundo" em antologias e exposições.
"O destino fez com que não pudesse ver pessoalmente a atual mostra do Museu de Arte Moderna, na qual aparecem com destaque os seus poemas que integraram a Exposição Nacional de Arte Concreta, há 50 anos. Não lhe foi possível também ver o livro, ainda em preparo, que reúne as suas obras. É uma pena."
Campos ressaltou ainda que o poeta tinha uma intuição rara e seletiva. "Suas intervenções artísticas tinham uma diretidade e uma veracidade incomuns. Radical, arriscava tudo nos biogramas deslivrescos de suas últimas propostas visuais."
Azeredo nasceu em 1937, no Rio. Publicou seu primeiro poema, "Rato", em 1954, no nš 3 da revista "Noigandres", e mudou-se em 1957 a São Paulo. Participou das mostras de 56 e 57, antes de lançar três marcos do movimento: "Ruasol", "Lesteoeste" e "Velocidade".
Avesso a entrevistas, concedeu apenas uma em toda a vida, à revista "Trópico", no ano passado, quando falou, entre outras coisas, de como se distinguia de Haroldo e Augusto de Campos, e de Pignatari. "Evidentemente, os grandes intelectuais do grupo eram os três, não era eu. Eu era mais o fazedor, não era o teórico ou formulador de grandes teorias."


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