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Masp ganha hoje fachada de nuvens
Regina Silveira inaugura projeto em que estampa um céu bordado nas janelas do museu na avenida Paulista
Artista volta a fazer intervenção pública na mesma avenida em que estampou super-herói de 12 andares em 1997
SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO
Regina Silveira estuda
uma maquete em seu ateliê.
Do lado de um ovo de avestruz pintado de negro, segura
um bonequinho para simular
a altura de um homem ao lado da escultura. No chão da
maquete, enormes crocodilos prateados se entrelaçam.
São gestados assim seus
projetos de escala tão grande
que nunca cabem no ateliê.
Também surgiu, nessa casa
em Perdizes e em muitas viagens até a avenida Paulista, o
enorme painel que inaugura
hoje, envolvendo o prédio do
Masp em nuvens bordadas.
Silveira revestiu as 202 janelas do edifício desenhado
pela arquiteta Lina Bo Bardi
com imagens de um céu fixo,
nuvens contra o sol radiante
num firmamento costurado
sobre a trama de um bordado
em tamanho gigantesco.
"Não é que eu esteja correndo atrás da escala, mas
vou atrás de algo que possa
dialogar com a arquitetura",
afirma a artista. "Essas nuvens foram codificadas daquela forma para serem um
bordado em ponto de cruz."
E esse não é o primeiro
bordado da artista, mas é talvez o mais visível. Ela já tentou fixar imagens desse tipo
na calçada da biblioteca pública de Nova York, mas o
projeto foi arquivado. Teve
de se contentar então com
um bordado na parede da casa de uma colecionadora em
Aspen, nos Estados Unidos.
Num cenário mais vibrante que a meca do ski, o céu de
Silveira agora forma um novo horizonte para quem passa pela Paulista ou vê o museu no trânsito da avenida 9
de Julho, lá embaixo.
"Foi uma façanha", diz Silveira, que acompanhou nas
últimas duas semanas a dura
rotina de sobe e desce dos
quatro homens que colaram
seus adesivos nos vidros do
Masp. "Mas a audácia dói depois no estômago da gente."
Isso porque certa vertigem
parece rondar o que pode ser
grande demais. Na mesma
avenida, Silveira fez sua primeira grande intervenção
pública. Há 13 anos, estampou numa fachada da Paulista a sombra de um super-herói com 12 andares de altura.
"Tinha muito medo que na
hora da montagem as perninhas do herói não coubessem na fachada", lembra.
"Muitas vezes, eu desenho
em cima da fotografia do lugar para acertar a escala."
De volta ao ateliê, ela continua fazendo pegadas, crocodilos e insetos, para cobrir
mais prédios pelo mundo.
Seus répteis rodeando um
ovo gigante vão para a Bienal
de Nova Orleans, e uma frase
em letras espelhadas deverá
ser fixada na fachada da Fundação Iberê Camargo, em
Porto Alegre, onde ela abre
mais uma retrospectiva em
março do ano que vem.
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