São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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Masp ganha hoje fachada de nuvens

Regina Silveira inaugura projeto em que estampa um céu bordado nas janelas do museu na avenida Paulista

Artista volta a fazer intervenção pública na mesma avenida em que estampou super-herói de 12 andares em 1997

SILAS MARTÍ
DE SÃO PAULO

Regina Silveira estuda uma maquete em seu ateliê. Do lado de um ovo de avestruz pintado de negro, segura um bonequinho para simular a altura de um homem ao lado da escultura. No chão da maquete, enormes crocodilos prateados se entrelaçam.
São gestados assim seus projetos de escala tão grande que nunca cabem no ateliê. Também surgiu, nessa casa em Perdizes e em muitas viagens até a avenida Paulista, o enorme painel que inaugura hoje, envolvendo o prédio do Masp em nuvens bordadas.
Silveira revestiu as 202 janelas do edifício desenhado pela arquiteta Lina Bo Bardi com imagens de um céu fixo, nuvens contra o sol radiante num firmamento costurado sobre a trama de um bordado em tamanho gigantesco.
"Não é que eu esteja correndo atrás da escala, mas vou atrás de algo que possa dialogar com a arquitetura", afirma a artista. "Essas nuvens foram codificadas daquela forma para serem um bordado em ponto de cruz."
E esse não é o primeiro bordado da artista, mas é talvez o mais visível. Ela já tentou fixar imagens desse tipo na calçada da biblioteca pública de Nova York, mas o projeto foi arquivado. Teve de se contentar então com um bordado na parede da casa de uma colecionadora em Aspen, nos Estados Unidos.
Num cenário mais vibrante que a meca do ski, o céu de Silveira agora forma um novo horizonte para quem passa pela Paulista ou vê o museu no trânsito da avenida 9 de Julho, lá embaixo.
"Foi uma façanha", diz Silveira, que acompanhou nas últimas duas semanas a dura rotina de sobe e desce dos quatro homens que colaram seus adesivos nos vidros do Masp. "Mas a audácia dói depois no estômago da gente."
Isso porque certa vertigem parece rondar o que pode ser grande demais. Na mesma avenida, Silveira fez sua primeira grande intervenção pública. Há 13 anos, estampou numa fachada da Paulista a sombra de um super-herói com 12 andares de altura.
"Tinha muito medo que na hora da montagem as perninhas do herói não coubessem na fachada", lembra. "Muitas vezes, eu desenho em cima da fotografia do lugar para acertar a escala."
De volta ao ateliê, ela continua fazendo pegadas, crocodilos e insetos, para cobrir mais prédios pelo mundo.
Seus répteis rodeando um ovo gigante vão para a Bienal de Nova Orleans, e uma frase em letras espelhadas deverá ser fixada na fachada da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre, onde ela abre mais uma retrospectiva em março do ano que vem.


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