São Paulo, segunda-feira, 15 de novembro de 2010

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CRÍTICA ERUDITO

Na Áustria, Osesp toca russos com coesão

Orquestra faz concerto com performance inspirada do violoncelista Antonio Meneses e é convidada a voltar em 2013


AUSTRÍACOS DIFICILMENTE APLAUDEM DE PÉ, MAS BATEM OS PÉS, E, COM ISSO, GANHARAM BIS DE BRASILEIROS

SIDNEY MOLINA
ENVIADO ESPECIAL A SALZBURGO

Em sexta chuvosa (12/11), a Grosses Festspielhaus (Grande Sala do Festival) de Salzburgo estava lotada -pelo segundo dia consecutivo- para assistir à Orquestra Sinfônica de São Paulo.
Sob a regência de Yan Pascal Tortelier, o concerto focado em compositores russos contou com a presença, na plateia, do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Alberto Goldman.
As cordas da orquestra estavam especialmente coesas: timbre homogêneo, expressividade, concentração e bom aproveitamento da acústica para contrastes de dinâmica.
Antes das obras russas, a "Alvorada" da ópera "Lo Schiavo", de Carlos Gomes (1836-1896), já mostrava uma sonoridade encorpada, diferente da do dia anterior. E a citação final do "Inno della Libertà" parece ter sido a melhor da turnê até aqui.
Nunca é demais ressaltar as qualidades do violoncelista Antonio Meneses, solista do "Concerto n.1", de Dmitri Shostakovich (1906-1975): volume sonoro do tamanho da sala, técnica perfeita, elegância estilística e raro senso de diálogo camerístico com a orquestra (destaque para o trompista Dante Yenque).
Mas a sua performance foi particularmente inspirada, forte e extrovertida -talvez porque, nesse mesmo lugar, ele, ainda jovem, tocara sob a regência do lendário Herbert von Karajan (1908-1989).
Como em Viena, o seu bis foi a "Sarabande" da "Suíte n.1 para violoncelo solo", de Bach (1685-1750).
A "Sinfonia n. 2", de Sergei Rachmaninov (1873-1943), ocupou toda a segunda parte do programa.
Dedicado aos detalhes de cada frase, Tortelier enfatizou igualmente a continuidade, a emergência dos motivos que perpassam de um movimento ao outro -como o resgate do "Largo" inicial no terceiro movimento.
Ao contrário do público brasileiro, os austríacos dificilmente aplaudem de pé.
Mas, depois de minutos de incessantes palmas, começam a bater também os pés, e, com isso, ganharam dois bis de compositores brasileiros (Villa-Lobos e Edu Lobo).
Os dois concertos da Osesp foram os primeiros de uma orquestra das Américas na temporada regular da sala.
Foram muito bem-sucedidos, o que motivou o convite -anunciado logo após a apresentação- para retornar daqui a três anos.

O crítico SIDNEY MOLINA viajou a convite da Osesp

OSESP EM SALZBURGO

AVALIAÇÃO ótimo


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