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Will Smith enfrenta vampiros virais
Ator diz à Folha que culpa molda seu personagem em "Eu Sou a Lenda", um sobrevivente de epidemia na selva urbana de NY
Smith defende que terceira adaptação do livro de Richard Matheson não é filme de ação, horror ou ficção científica, e sim um drama
EDUARDO SIMÕES
DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Em sua passagem pelo Rio
para divulgar "Eu Sou a Lenda",
que estréia no Brasil sexta-feira, o ator Will Smith não economizou simpatia e disposição.
Na entrada dos colegas Francis
Lawrence (diretor) e Akiva
Goldsman (roteirista e produtor) na entrevista coletiva, anteontem, no Copacabana Palace, o ator gritou "uhus" da coxia
e, já à mesa, fez várias piadas.
Elogiado como "grande talento" por Goldsman, Smith lembrou ao roteirista que também
era "forte, bonito, esperto e
sexy". Ninguém se opôs.
Com músculos turbinados,
Smith é o terceiro ator a encarnar Robert Neville, o papel
principal de "Eu Sou a Lenda", um sobrevivente
de uma epidemia viral que dizima a população mundial, salvo
os imunes como ele, que vivem
ameaçados por uma raça de
mutantes, espécie de vampiros.
O filme é baseado no romance homônimo de Richard Matheson, dos anos 50, com uma
mudança: o cenário deixa de
ser Los Angeles. Quase todo o
filme foi rodado em Nova York,
durante nove meses de bloqueios de tráfego. A exceção é
uma seqüência na Times Square, recriada em estúdio.
"Los Angeles é fantástica em
termos literários, mas não é
uma cidade tão icônica quanto
Nova York", defendeu Goldsman. "E, num dia normal, Los
Angeles já parece um lugar
abandonado. Queria Nova
York, que nunca está quieta."
Em parcos oito minutos de
entrevista à Folha, sob o olhar
de uma robusta assistente de
seu estafe de 34 pessoas, o ator
ressaltou que construiu um
personagem movido por culpa.
Neville promete à filha que
acabaria com os "monstros",
mas falha.
"Quando Anna [Alice Braga]
aparece pela primeira vez, a
raiva que Neville sente por ela é
porque alguém, ali, sabe que ele
falhou. Ao me conectar com essa idéia de culpa, eu moldei o
personagem e a história, num
movimento de oposição à esperança de Anna", contou Smith.
Aos 39 anos, o ex-rapper,
com uma carreira em cinema
marcada por comédias e filmes
de ação, como "MIB - Homens
de Preto" (1997), Smith vem se
destacando em dramas como
"À Procura da Felicidade"
(2006). Segundo ele, experiências traumáticas o têm intrigado como sementes para histórias. "E esta é a primeira vez
que faço um personagem tão
deslocado da realidade. O filme
realmente mostra uma deterioração psicológica", disse.
Smith leu o roteiro de "Eu
Sou a Lenda" pela primeira vez
há dez anos. Para ele, a essência
foi sempre a mesma, em todas
as versões. "É a idéia básica,
pré-programada em cada humano, quando se tem 1 ano de
idade, seus pais o deixam no
berço e você se sente o último
ser na Terra. A diferença é que
não queríamos fazer um filme
de gênero. Nem ação, nem ficção científica, nem horror, e
sim um drama sobre o último
homem na Terra."
Smith também colaborou no
roteiro. Ao pesquisar o nome
do livro na internet, encontrou
citações do disco "Legend", de
Bob Marley. O cantor virou
diálogo e trilha sonora. Smith
deixou escapar que uma pista
do fim alternativo do filme, que
sairá em DVD, aparece nos últimos seis segundos do primeiro "teaser" lançado pela Warner. Alguém disse YouTube?
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