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PATRIMÔNIO
Coleções públicas de SP receberam apenas 410 exemplares, em média, em 98; padrão internacional pede 2.800
Bibliotecas vivem com 20% do orçamento
MARTA AVANCINI
da Reportagem Local
Cada uma das bibliotecas públicas da cidade de São Paulo recebeu, durante o ano de 98, uma média de 410 livros novos. Se forem
excluídas as doações e só forem
computadas as compras feitas da
prefeitura, o número cai para 286.
O dado se refere às 28 bibliotecas
para adultos, entre elas a Mário de
Andrade, a segunda maior do país
(330 mil volumes) -perde apenas
para a Biblioteca Nacional do Rio
de Janeiro-, e retrata o quadro de
penúria a que estão submetidas as
bibliotecas públicas brasileiras.
Se forem somados os acervos de
todas as bibliotecas paulistanas
chega-se a aproximadamente 2
milhões de livros. Já que a média
internacional de renovação de
acervos é de 4%, cada biblioteca
deveria ter sido contemplada com
2.800 livros.
Paralelamente, quando se compara com 97, 98 pode ser considerado ruim no que se refere à reposição de acervo das bibliotecas
paulistas. Em 97, cada uma recebeu uma média de 929 livros.
Ainda assim, São Paulo pode ser
considerada uma exceção no Brasil. "Pelo menos tem uma rede que
funciona e atende à população.
Muitas cidades nem sequer têm biblioteca", diz Otaviano de Fiore,
secretário de Políticas Culturais do
Ministério da Cultura.
Dos 5.482 municípios brasileiros, 3.288 possuem bibliotecas.
Desse total, funcionam 3.079, mas
entre 700 e 1.000 estão mal-instaladas. Na tentativa de expandir a rede, o ministério está fazendo parcerias com prefeituras para montar bibliotecas. Em três anos, foram inauguradas 329 bibliotecas.
Mas, se pelo aspecto da estrutura
São Paulo pode ser considerada
exceção, a cidade é regra quando o
assunto é escassez de recursos: em
98, a Secretaria Municipal de Cultura teve à sua disposição R$ 246
mil para comprar livros, embora
tenha solicitado R$ 1,2 milhão no
orçamento enviado à Câmara dos
Vereadores. Para 99, a verba pedida para livros é de R$ 6,5 milhões.
"Sabemos que é difícil passar. No
final, a gente acaba tendo de adaptar à realidade", diz Marlene Gomes Martinez Hirata, diretora do
Departamento de Bibliotecas Públicas de São Paulo.
Mais do que a reposição do acervo propriamente dita, o tipo de livro que acaba sendo comprado é
outro problema. Boa parte das
compras é de livros que compõem
a lista dos pedidos pelos exames
vestibulares, já que o público das
bibliotecas é composto predominantemente por estudantes.
"Isso é uma distorção. Os alunos
acabam indo para a biblioteca porque não existe uma biblioteca escolar que funcione", diz Luís Milanesi, professor na área de Ciência
da Informação da ECA (Escola de
Comunicação e Artes) da USP.
O colunista Alberto Dines está em férias
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