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NELSON WERNECK SODRÉ
Dignidade acima de tudo
CARLOS HEITOR CONY
do Conselho Editorial
Todos os que o conheceram tinham a certeza de que era um dos
homens mais íntegros da nossa
paisagem intelectual.
Podiam discordar dele, mas sabiam que Nelson Werneck Sodré
colocava acima de tudo a dignidade do ser humano, a sua e a dos outros.
Essa dignidade foi o fundamento
de sua personalidade, formada inicialmente no exército, onde chegou a general. E, mais tarde, na militância ideológica de nosso tempo,
militância que exerceu em altíssimo nível.
Sua obra abrange três segmentos
interativados pela sua cultura de
fundo humanístico: a literatura, a
sociologia e a história. Foi mestre
nos três departamentos.
Tornou-se citação obrigatória de
todos os pesquisadores que estudam o processo brasileiro como
um todo, e não em seus departamentos estanques.
Um texto de Nelson sobre Machado de Assis ou sobre um dos
nossos ciclos econômicos se destaca pela abrangência de sua visão.
Conhecia o geral e chegava ao particular. Sabia ver a árvore e a floresta.
Um dos líderes mais respeitados
da esquerda brasileira, nunca se
deixou fascinar pela badalação inconsequente de certa época, nem
pelo radicalismo carreirista que
marcou a carreira de tantos.
Preso nas primeiras horas do
golpe militar de 64, cassado, nunca
deixou de ser um ponto de referência do pensamento brasileiro.
Teórico do nacionalismo, jamais
se tornou um xenófobo. Recusou
cargos e compensações. Viveu austeramente.
Com Oscar Niemeyer, formava a
dupla mais respeitável da esquerda
brasileira, uma esquerda que ele
explicou, procurou ensinar e pela
qual sacrificou sua vida e engrandeceu seu ideal.
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