São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2000


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"A Conspiração do Silêncio" retrata a prisão de Genoino

da Agência Folha, em Belém

Quase 30 anos depois, os guerrilheiros que sobreviveram à ação no Exército no Araguaia consideram que a guerrilha foi uma forma legítima de luta contra a ditadura. "Estávamos lutando contra um governo terrorista", diz o deputado federal José Genoino (PT-SP), que passou dois anos na região.
"A guerrilha era uma tentativa de sobreviver politicamente", diz a ex-guerrilheira e enfermeira Criméia Almeida, 53, que participa da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos.
Hoje, contudo, os dois dizem que, sob um regime democrático, há formas de ação política mais eficazes. Algumas das histórias de Criméia e Genoino estão no roteiro de "A Conspiração do Silêncio". O filme terá uma cena baseada na prisão de Genoino, ocorrida em 1972.
Disfarçado de camponês e preso separadamente, Genoino dizia aos militares que não conhecia os guerrilheiros. Mas um cachorro que pertencia ao grupo, segundo ele relata, insistia em segui-lo, o que fez os soldados desconfiarem de sua versão.
"Mesmo assim, eles só conseguiram descobrir quem eu era depois, na prisão", disse o deputado, que foi torturado e ficou detido por cinco anos.
Já Criméia, que teve seu filho no período em que esteve presa, é uma das inspirações para a personagem Dora que, como ela, era enfermeira.
Tanto Genoino quanto Criméia foram presos antes da última campanha do Exército que, segundo o historiador Jacob Gorender, foi a mais violenta e mais bem preparada.
Para Genoino, a forma como foi reprimida a guerrilha demostra o poder do regime militar naquela época. "Nós subestimamos os militares", afirma o deputado e ex-guerrilheiro. (LI)


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