São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2000


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A ÚLTIMA DE CHATÔ
Peça custou R$ 10 mil
Fundação compra máscara mortuária

Cleo Velleda/Folha Imagem
A máscara mortuária de Chatô, feita em 68 e encontrada em 99


CASSIANO ELEK MACHADO
IVAN FINOTTI da Reportagem Local

A máscara mortuária de Assis Chateaubriand, cuja existência foi revelada pela Folha há um mês, foi vendida para a fundação que leva o nome do empresário de comunicações, morto em 1968.
O objeto estava com Marlys Gatto, viúva do jornalista Nelson Gatto, ex-funcionário dos Diários Associados, grupo criado por Chatô.
Marlys a encontrou no ano passado, após resolver mexer, pela primeira vez, na biblioteca do marido, morto em 1986.
A máscara de bronze era desconhecida até para o jornalista e biógrafo Fernando Morais, que entrevistou 164 pessoas para compor as 732 páginas de "Chatô - O Rei do Brasil" (Cia. das Letras).
Paulo Cabral, presidente da Fundação Assis Chateaubriand, criada para "manter viva a memória do dr. Assis", disse que a instituição quis comprar a máscara para "não deixar ela ficar rolando por aí afora".
A fundação, com sede em Brasília, pagou o valor que estava sendo pedido por Marlys: R$ 10 mil. A professora de piano disse que usaria o dinheiro para saldar algumas dívidas.
Segundo Cabral, que também preside atualmente o grupo Diários Associados, não existe, por enquanto, a intenção de colocar a máscara mortuária em exposição.
A idéia é que a peça venha a integrar o acervo do memorial que a fundação pretende construir em homenagem a Chateaubriand, em Brasília.

Mistérios
A história da máscara continua envolta em alguns mistérios, como o local e a hora exata em que foi feita.
Sabe-se que ela foi produzida pelo pintor e escultor Darwin Silveira Pereira, ex-diagramador dos jornais de Chatô que morreu há cerca de dez anos. A própria Marlys Gatto, que encontrou a peça, nunca tinha visto ou ouvido falar dela.
Almir Garcia, repórter dos Diários na época da morte de Chatô (4 de abril de 68), lembra que foi o secretário de redação Adherbal Figueiredo quem chamou Darwin, "aos gritos", para que ele se preparasse para fazer a máscara.
"O pedido talvez tivesse vindo de Pietro Maria Bardi (amigo de Chatô, com quem criou o Masp, Museu de Arte de São Paulo)", conta Garcia.
"Darwin morava na avenida Ipiranga. Alguém o levou até seu ateliê para que ele providenciasse gesso e outros materiais. Não dá para precisar se o trabalho foi executado ainda no hospital ou já nas dependências dos Diários Associados, para onde o corpo foi levado para o velório que duraria quase dois dias."
Garcia não estranhou o aparecimento da máscara na casa do repórter Nelson Gatto: "O fato não chega a surpreender. Gatto era um "colecionador" de tudo o que aparecia de interessante. Seus guardados eram muitos, não só na redação, mas em sua casa lá pelos lados do Jabaquara".
Joaquim Pinto Nazário, então diretor de redação do "Diário de S. Paulo" e do "Diário da Noite", dois dos principais jornais do grupo, lembra-se das máscaras feitas por Darwin, mas jamais tinha ouvido falar na peça mortuária de Chateaubriand.


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