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A ÚLTIMA DE CHATÔ
Peça custou R$ 10 mil
Fundação compra
máscara mortuária
Cleo Velleda/Folha Imagem
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A máscara mortuária de Chatô, feita em 68 e encontrada em 99 |
CASSIANO ELEK MACHADO
IVAN FINOTTI
da Reportagem Local
A máscara mortuária de Assis
Chateaubriand, cuja existência foi
revelada pela Folha há um mês,
foi vendida para a fundação que
leva o nome do empresário de comunicações, morto em 1968.
O objeto estava com Marlys
Gatto, viúva do jornalista Nelson
Gatto, ex-funcionário dos Diários
Associados, grupo criado por
Chatô.
Marlys a encontrou no ano passado, após resolver mexer, pela
primeira vez, na biblioteca do marido, morto em 1986.
A máscara de bronze era desconhecida até para o jornalista e biógrafo Fernando Morais, que entrevistou 164 pessoas para compor as 732 páginas de "Chatô - O
Rei do Brasil" (Cia. das Letras).
Paulo Cabral, presidente da
Fundação Assis Chateaubriand,
criada para "manter viva a memória do dr. Assis", disse que a
instituição quis comprar a máscara para "não deixar ela ficar rolando por aí afora".
A fundação, com sede em Brasília, pagou o valor que estava sendo pedido por Marlys: R$ 10 mil.
A professora de piano disse que
usaria o dinheiro para saldar algumas dívidas.
Segundo Cabral, que também
preside atualmente o grupo Diários Associados, não existe, por
enquanto, a intenção de colocar a
máscara mortuária em exposição.
A idéia é que a peça venha a integrar o acervo do memorial que a
fundação pretende construir em
homenagem a Chateaubriand,
em Brasília.
Mistérios
A história da máscara continua
envolta em alguns mistérios, como o local e a hora exata em que
foi feita.
Sabe-se que ela foi produzida
pelo pintor e escultor Darwin Silveira Pereira, ex-diagramador dos
jornais de Chatô que morreu há
cerca de dez anos. A própria
Marlys Gatto, que encontrou a peça, nunca tinha visto ou ouvido
falar dela.
Almir Garcia, repórter dos Diários na época da morte de Chatô
(4 de abril de 68), lembra que foi o
secretário de redação Adherbal
Figueiredo quem chamou Darwin, "aos gritos", para que ele se
preparasse para fazer a máscara.
"O pedido talvez tivesse vindo
de Pietro Maria Bardi (amigo de
Chatô, com quem criou o Masp,
Museu de Arte de São Paulo)",
conta Garcia.
"Darwin morava na avenida
Ipiranga. Alguém o levou até seu
ateliê para que ele providenciasse
gesso e outros materiais. Não dá
para precisar se o trabalho foi executado ainda no hospital ou já nas
dependências dos Diários Associados, para onde o corpo foi levado para o velório que duraria quase dois dias."
Garcia não estranhou o aparecimento da máscara na casa do repórter Nelson Gatto: "O fato não
chega a surpreender. Gatto era
um "colecionador" de tudo o que
aparecia de interessante. Seus
guardados eram muitos, não só
na redação, mas em sua casa lá
pelos lados do Jabaquara".
Joaquim Pinto Nazário, então
diretor de redação do "Diário de
S. Paulo" e do "Diário da Noite",
dois dos principais jornais do grupo, lembra-se das máscaras feitas
por Darwin, mas jamais tinha ouvido falar na peça mortuária de
Chateaubriand.
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