São Paulo, quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

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"Grande Sertão" tem edição de luxo

Divulgação
Tony Ramos e Bruna Lombardi na minissérie "Grande Sertão: Veredas" (1985)


DA REPORTAGEM LOCAL

"Grande Sertão: Veredas", romance do escritor mineiro João Guimarães Rosa (1908-1967) completa 50 anos de seu lançamento em 2006 e ganha três novas edições da editora Nova Fronteira: uma é popular, a R$ 28; outra edição é tradicional, de R$ 60, que inaugura a coleção Biblioteca do Estudante, na Bienal de São Paulo, em março.
A outra edição do título é comemorativa, com uma tiragem de 5.000 exemplares, em um projeto concebido pela diretora teatral Bia Lessa.
O livro chega ao mercado em abril, acompanhado do catálogo da exposição temporária sobre a obra, que Lessa abre em março no Museu da Língua, na Estação da Luz, em SP, e de um CD multimídia, com imagens e sons do sertão descrito por Guimarães Rosa. O preço ainda não foi definido.
"É uma edição de luxo", sintetiza Lessa, encarregada da conceituação e do projeto gráfico do lançamento. "O leitor vai ter acesso a essa grande obra-referência e a dados que complementam a leitura, como imagens e trilha sonora. A idéia é que o livro abra já com a obra, sem prefácio. Os acréscimos vêm como apêndices, criando elos com o romance."

Memória
João Guimarães Rosa nasceu em Cordisburgo, Minas Gerais, em 1908. Formado em medicina, exerceu a profissão até 1934, quando ingressou na carreira diplomática, tendo servido na Alemanha, na Colômbia e na França. Eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963, só tomaria posse em 1967, morrendo três dias depois.
Publicado em maio de 1956, "Grande Sertão: Veredas" conta a história do amor proibido do vaqueiro Riobaldo, o narrador do romance, por Reinaldo/Diadorim, vaqueiro que revela depois ser uma mulher. Os dois se juntam para vingar o assassinato do pai de Diadorim.
A obra é marcada pela inventividade de Rosa -como nos trechos "nu da cintura para os queixos" (no lugar de "nu da cintura para cima") e "não sabiam de nada coisíssima" (em vez "não sabiam de coisa nenhuma")- e pelos aforismos -como "toda saudade é uma espécie de velhice" ou ainda "vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas".
O romance foi adaptado para o cinema como "O Grande Sertão", em 1965, dirigido por Geraldo Santos Pereira e com roteiro de Roberto Farias. Para a TV, em 1985, houve uma minissérie de Walter Avancini, estrelada por Tony Ramos e Bruna Lombardi.
Guimarães Rosa ganhará outros dois lançamentos comemorativos ainda este ano: a Nova Fronteira publica, em maio, o livro "Corpo de Baile", que também completa 50 anos; e "Sagarana", que faz 60 anos. Os projetos serão detalhados posteriormente. (EDUARDO SIMÕES)


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