São Paulo, sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

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Japão retoma debate sobre nacionalismo e militarização

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE NOVA YORK

Nos últimos anos, as constantes visitas do então premiê Junichiro Koizumi a um memorial para criminosos de guerra japoneses enfureceu os governos da China e da Coréia do Sul. Outra medida polêmica foi a criação da disciplina "estudos nacionalistas" na rede pública de ensino japonesa. E o novo premiê, Abe Shinzo, é neto e devoto fiel de Kishi Nobusuke, o primeiro político nipônico a defender abertamente a modificação do Artigo 9, base da Constituição pacifista que proíbe a militarização do país.
O exame de consciência pelo qual passa o Japão não está refletido nas telas apenas em "Cartas de Iwo Jima". No mesmo dia em que o filme chega ao Brasil, estréia em Tóquio "Gai Shanxi e Suas Irmãs", do chinês Ban Zhongyi, que revive a história das chinesas da província de Shanxi, tornadas escravas sexuais pelos militares japoneses. Mês passado, no Festival Sundance, um dos destaques foi "Nanking", que aborda a invasão japonesa à China.
E Satoro Mizushima, dono de um canal de TV nacionalista em Tóquio, anunciou que termina ainda neste ano o documentário "A Verdade sobre Nanjing", em que defende a tese de que o massacre de 1937 é obra de ficção, apesar de historiadores considerarem o episódio um dos mais terríveis banhos de sangue de todos os tempos, em que entre 140 mil e 300 mil civis chineses foram massacrados pelos japoneses na então capital da China.
Um dos principais entusiastas do documentário é o governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, de extrema-direita. Curiosamente, foi ele quem estimulou Clint Eastwood a produzir "Cartas", ao liberar a ilha para as filmagens. (EG)


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