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Coldplay contagia platéia chilena
Marcada pelo "bom-mocismo", banda britânica toca em SP no fim do mês, com ingressos esgotados
A regra é ver Chris Martin dançar desengonçado, falar bastante, mexer com o público. É simpatia até
não poder mais
THIAGO NEY
ENVIADO ESPECIAL A SANTIAGO
Mais do que um show
de rock, uma apresentação do Coldplay é uma sessão de elevação
espiritual. Não só para o público mas também para a banda.
Difícil encontrar um grupo que
aparente tanta felicidade e
bom-mocismo sobre o palco
quanto o quarteto inglês, que
iniciou turnê sul-americana
anteontem na capital chilena.
Essa simpatia toda, tão rara
no rock de hoje, será vista no
Brasil no fim do mês -o Coldplay toca em São Paulo entre os
dias 26 e 28/2, no Via Funchal,
já com ingressos esgotados. Antes, a banda passa pela Argentina; encerra o giro no México.
Chris Martin, o líder e vocalista da banda, é um anti-rockstar -não fala palavrão, não briga com ninguém, é vegetariano,
trata bem os fãs, é casado com
Gwyneth Paltrow e costuma se
envolver em causas sociais.
Além disso, suas músicas são
construídas em torno de melodias agradavelmente melancólicas, com letras muitas vezes
pueris e descaradamente românticas -receituário que faz
roqueiro virar as costas.
Mas o apelo do Coldplay é fazer de suas baladas momentos
celebratórios -suas canções
falam do amor que está por vir,
e não do amor que se foi e que
agora só nos resta chorar.
O povo adora isso -tanto que
a banda já vendeu, segundo a
EMI, 29 milhões de cópias de
seus três discos: "Parachutes"
(2000), "A Rush of Blood to the
Head" (2002) e "X&Y" (2005).
Na primeira apresentação
chilena (o grupo tocaria no país
ontem e hoje), nem a determinação para que todos os 4.200
pagantes permanecessem sentados diminuiu a animação dos
fãs. Por opção da banda, os
shows (inclusive os do Brasil,
para 2.757 pessoas cada) são
montados em formato teatral,
com cadeiras numeradas. Mas
o público não agüentou muito
tempo... assim que a banda pisou no palco, o povo, em gritaria, começou a pular.
Semanas atrás, a banda divulgou que pretendia fazer da
turnê latina uma espécie de laboratório para novas canções.
Isso não aconteceu anteontem.
A apresentação, de 15 músicas e
1h20 de duração, foi ancorada
pelos hits do grupo.
Apareceram a guitarra pegajosa de "Yellow"; "Fix You" e
sua letra desesperada e apaixonada; "Talk" e o riff chupado de
"Computer Love", do Kraftwerk (como ninguém havia
pensado nisso???)...
Desde que surgiu, o Coldplay
é comparado a Radiohead. Não
é por aí. A conexão é muito
mais com o U2. O timbre da voz
de Chris Martin faz lembrar
Bono; a guitarra de Jonny Bucland ecoa The Edge; mas, o
que é pior: principalmente nas
canções mais recentes, o Coldplay se apega a um rock conservador e quadrado, típico do U2.
No show, felizmente, esses
momentos são a exceção. A regra é ver Chris Martin dançar
de um jeito desengonçado -ele
contorce o corpo, cai no chão.
Fala bastante, mexe com o público, oferece canção para os
namorados. É bom-mocismo e
simpatia até não poder mais. Às
vezes é isso que falta no rock.
AVALIAÇÃO:
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