São Paulo, segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

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Crítica

Bellocchio filma simpáticos monstros

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

O que é um monstro? A pergunta já vem desde o célebre "Freaks", de Todd Browning, em que de certo modo demonstrava-se que a monstruosidade não está na feiura ou na deficiência, mas basicamente em um modo de pensar, de estar entre as coisas.
A esta visão moral pode-se acrescentar uma política: há monstros ideológicos, e entre eles é necessário incluir boa parte da esquerda terrorista italiana dos anos 1970 -por exemplo, os assassinos de Aldo Moro, de que trata Marco Bellocchio no magnífico "Bom Dia, Noite" (TC Cult, 23h50, não indicado para menores de 12 anos).
O espantoso, o assustador, é que esses criminosos sejam tão parecidos conosco. É esse o ponto que Bellocchio enfatiza: nada de gente estranha, feia, torta. Tudo começa com um simpático casal que aluga uma casa. Qualquer um de nós podia estar no lugar deles, em suma. Entre a normalidade e o crime atroz, pode não haver mais que um passo, como bem sabia Fritz Lang.


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