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Banda Blitz ganha sua história escrita
Biografia do grupo que tomou o país com "Você Não Soube Me Amar", em 1982, tem mais de 300 páginas e 200 imagens
O jornalista e apresentador do programa "Vitrine", Rodrigo Rodrigues, escreve sobre a banda pioneira do rock brasileiro dos anos 80
IVAN FINOTTI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em seu livro sobre a história
do rock brasileiro ("Dias de Luta", 2002), o jornalista Ricardo
Alexandre descreveu assim a
canção que tornou a Blitz conhecida em todo o Brasil: ""Você Não Soube Me Amar" trazia a
novidade do canto falado (...), a
economia do punk (...), um riff
de guitarra anos 60, uma base
segura, uma letra que era puro
discurso de rua. E um refrão
poderosíssimo, como não se via
desde, quem sabe, as maiores
pepitas da jovem guarda".
"Estava descoberta a pólvora", resumiu Arthur Dapieve
em seu "BRock - O Rock Brasileiro dos Anos 80" (1995).
Como se vê, os historiadores
do rock brasileiro nunca negaram que a Blitz escancarou a
porta para o Barão Vermelho,
Paralamas, Titãs, RPM e Legião
Urbana. Mas, se esses cinco
grupos já tiveram suas memórias publicadas, faltava ainda
quem colocasse no papel as
aventuras dos pioneiros.
Não mais. O jornalista Rodrigo Rodrigues acaba de preencher essa lacuna com "As Aventuras da Blitz", uma obra de
300 páginas, 200 imagens e dezenas de entrevistas.
É justo que a banda ganhe
seu próprio livro: nunca levada
muito a sério como grupo musical, virou mania antes do
RPM -era adorada especialmente pelas crianças- e talvez
tenha sido a banda que mais influenciou o comportamento
naquela década, ganhando até
álbum de figurinhas.
Basta lembrar as roupas extravagantes de Fernanda
Abreu e Márcia Bulcão, o topete de Evandro Mesquita e as expressões "o.k., você venceu" ou
"desce dois, desce mais", repetidas por jovens no país inteiro.
Dono de um texto bem-humorado, que combina com a
Blitz, Rodrigues se tornou próximo de Mesquita e companhia
há alguns anos, ao filmar shows
e viagens da banda, que até hoje
está na ativa.
Mas essa proximidade não
impediu que surpresas aparecessem. "Não sabia, por exemplo, que a Fernanda Abreu cantava antes da Blitz. Ela estava
numa banda com o Léo Jaime
chamada Nota Vermelha. Também fiquei muito surpreso que
uma outra backing vocal tenha
passado pela Blitz antes. É a
Katia B., mulher de João Barone, o baterista dos Paralamas",
conta Rodrigues.
O fato de ser amigo de alguns
integrantes não faz de "As
Aventuras da Blitz" uma biografia chapa-branca. "Fiz direitinho o dever de casa", diz ele.
"Por exemplo: o Lobão é o responsável pelo nome da banda.
Mas o Evandro disse que a história não era bem assim. Coloquei as duas versões. Acho que
o livro é isento", afirma. "E o
Evandro foi muito correto. Não
ficou querendo ler nem ficou
patrulhando os assuntos que eu
abordava. As brigas importantes estão todas lá", afirma.
Entrevistas recusadas
Na verdade, a amizade atrapalhou a apuração, já que três
integrantes da formação oficial
estão brigados com Evandro e
se recusaram a dar entrevistas
para Rodrigues. "O guitarrista
Ricardo Barreto, sua mulher,
Márcia Bulcão, e o baixista Antonio Pedro não quiseram falar.
Usei declarações deles à imprensa da época."
Para o visual do livro, Rodrigues chamou o designer Luiz
Stein, o mesmo que, ao lado de
Gringo Cardia, planejou e executou a programação visual da
banda, a começar pelas capas
dos discos.
Já para a caça das imagens,
Rodrigues não precisou ir muito longe. "Fernanda tinha seis
pastas de arquivo com todo o
material que reuniu na época:
recortes de jornais, páginas de
revistas, ingressos de shows,
credenciais, crachás etc. Ela
guardava tudo."
Além de biógrafo da Blitz,
Rodrigues é apresentador do
programa "Vitrine", da TV Cultura, e se apresenta com seu
grupo The Soundtrackers uma
vez por mês, no Na Mata Café.
No repertório, apenas trilhas
de filmes.
AS AVENTURAS DA BLITZ
Autor: Rodrigo Rodrigues
Editora: Ediouro
Quanto: R$ 54,90 (308 págs.)
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