São Paulo, quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011 |
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CRÍTICA ROCK White Lies eleva sua estética a uma forma mais bem acabada CARLOS MESSIAS DO "AGORA" Na esteira do revival pós-punk, o trio inglês White Lies também se beneficiou com o uso de sintetizadores e de uma sonoridade sombria. Em seu álbum de estreia, "To Lose My Life..." (2009), a banda apresentou combinações rítmicas capazes de dotar sua atmosfera "dark" de dinâmica e profundidade. Mas não foi o suficiente para que o grupo saísse da sombra dos predecessores Editors e Interpol. Felizmente, o White Lies não se intimidou. No novo disco, "Ritual", o grupo eleva sua estética a uma forma mais bem acabada. Se antes as músicas tinham picos de pulsação em meio a passagens monótonas, agora os ingleses demonstram mais intimidade com a canção. Um bom exemplo é "Strangers", uma das cinco novas músicas que a banda apresentou em sua recente passagem por São Paulo, em dezembro. Em dinâmica circular, baixo e teclados cadenciados cedem espaço a progressões de guitarra, que culminam no refrão épico. Nessa toada, os músicos ultrapassam a nebulosidade herdada do Joy Division e atingem um clima luminoso, que lembra os melhores momentos do The Cure. O vocalista e guitarrista Harry McVeigh, inclusive, parece um híbrido de Ian Curtis e Robert Smith. Vai de tons graves e melancólicos a extensões mais abertas com naturalidade. Já o baixista Charles Cave não economiza reverências a Peter Hook, do Joy Division. A introdução de "Bigger than Us", o primeiro single, é quase idêntica à de "Transmission" (1979). O neófito, no entanto, não ficou preso na primeira vida do pós-punk. Mais do que isso, soube refazer o percurso até o New Order. Ótimas demonstrações dessa tomada de atitude são as faixas dançantes "Streetlights" e "Holy Ghost". Os dedilhados vigorosos de Charles Cave direcionam o constante crescendo da banda e interagem harmoniosamente com teclados e sintetizadores, contribuições do baterista Jack-Lawrence Brown e de outros dois músicos contratados. Outro sinal de amadurecimento é a produção primorosa do álbum. O disco imprimiu uma textura orgânica em sequências kitsch, como na excelente faixa "Peace & Quiet", e explorou a sonoridade etérea de canções mais introspectivas, como "Bad Love". Em "Ritual", o White Lies não reinventa a roda, mas incorpora suas influências com propriedade, chegando a uma sonoridade própria e afirmando-se como uma das bandas mais interessantes do movimento "pós-pós-punk". RITUAL ARTISTA White Lies LANÇAMENTO Universal Music QUANTO R$ 27,90, em média AVALIAÇÃO bom Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Crítica/Rock: Álbum de estreia do Queens of the Stone Age ainda é moderno Índice | Comunicar Erros |
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