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TELEVISÃO
"Companheiro" não convence crítica dos EUA
ESTHER HAMBURGER
especial para a Folha
A maior parte dos filmes políticos indica qual o lado "certo",
aquele que merece a torcida do
público espectador. Esse não é o
caso de "O Que É Isso, Companheiro?", indicado para o Oscar de
melhor filme estrangeiro e em exibição nos cinemas de Nova York.
É o que comentam algumas das
resenhas críticas nos EUA.
Distribuído pela Miramax, o filme foi lançado no momento certo.
Um pouco antes do anúncio das
indicações ao Oscar, os vários críticos de cinema na TV, nos jornais
e nas revistas procuravam afiar os
seus palpites. E nessa especulação,
o filme de Bruno Barreto ganhou
repercussão mais que bem-vinda
para o cinema nacional.
Mas os comentários não são eufóricos. Roger Ebert, do "Siskel
and Ebert", o programa televisivo
clássico no gênero comentário crítico de cinema, gravado em Chicago há 22 anos, atribuiu apenas 3
estrelas ao filme brasileiro. A resenha de Ebert, publicada na sua coluna na Internet impressiona pela
contundência.
Na minha ingenuidade nativa,
cheguei a concordar que a ampla
repercussão do filme, culminando
com a indicação para o Oscar, se
devia ao acerto de uma estratégia
calculada: a representação densa e
positiva do embaixador dos EUA,
um homem sensível, independente, liberal, crítico ao apoio de seu
próprio governo aos militares brasileiros, mas também crítico aos
sequestradores de esquerda.
Nessa interpretação, a honestidade e a lisura de um representante diplomático ianque, ameaçado
pela selvageria de alienígenas decididos a ir às vias de fato, seria suficiente para convencer o público
dos EUA de que este filme vale.
Mas o comentário de Ebert, o
crítico do "Chicago Sun Times",
que com Gene Siskel, o crítico do
jornal rival, o "Chicago Tribune",
forma a dupla de cinéfilos mais influente nos EUA, põe por terra a
pretensa esperteza latina.
Para o dono do famoso polegar
-para cima e para baixo- , a
ambivalência do filme não convence. O crítico reclama do que
talvez pudesse ser interpretado como uma familiar condescendência
católica. Afinal, o filme retrata sequestradores como bem intencionados e ingênuos jovens amadores; e torturadores como sensíveis
seres com crise de consciência. Na
categoria filme político, Ebert
compara "Companheiro" com os
filmes decididos de Costa Gravas e
não se convence.
É sempre difícil saber qual é o
peso da crítica. Mas "Siskel and
Ebert" certamente disseminam
opinião. As críticas dos dois profissionais estão também disponíveis nos jornais e na Internet.
E-mail: ehamb@uol.com.br
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