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Crítica/DVD/"2001: Uma Odisséia no Espaço"
"2001" completa 40 anos com edição especial e entrevista histórica com diretor
Extras do clássico de Kubrick relembram corrida espacial
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Mais do que apenas um
realizador de longas
ambiciosos, o norte-americano Stanley Kubrick
(1928-1999) tornou-se especialista em filmes-evento, que
"nasciam" na imprensa muito
antes do lançamento e, quando
concluídos, geravam polêmica
que se prolongava por meses,
anos ou mesmo décadas.
É o caso de "Laranja Mecânica" (1971), até hoje referência
obrigatória, embora nada consensual, para discussões sobre
as imagens da violência e a violência das imagens. E também
de "2001: Uma Odisséia no Espaço" (1968), que completa 40
anos de lançamento no início
de abril e cuja edição especial
em DVD chega agora ao Brasil.
Presença habitual em listas
de clássicos da ficção científica
no cinema, gênero que ajudou a
modernizar, o oitavo longa de
Kubrick alimentou a imaginação até de quem não o viu, graças às imitações e aos pastiches
sobre a corrida espacial e o futuro da humanidade.
Futuro que já virou passado,
sem que algumas de suas previsões fossem confirmadas. Era
algo verossímil, no entanto,
que se buscava com a produção
de "2001", iniciada em 1965. O
material mais revelador dos extras é um curta-metragem promocional de 1966, "A Look Behind the Future" ("um olhar por trás do futuro", mas também trocadilho com a revista
"Look", que patrocina a peça).
Com a pompa de quem anuncia a chegada de novos tempos
(e de oportunidades publicitárias), o editor da revista, Vernon Myers, afirma que a "exploração celestial" e seus efeitos sobre a humanidade seriam
mais facilmente compreendidos pelo público graças ao que
Kubrick fazia nos estúdios da
MGM em Londres.
A presença de maior destaque nos extras é a do escritor
Arthur C. Clarke, autor do conto que deu origem à história,
"The Sentinel", e parceiro de
Kubrick em todo o projeto.
Aparecem o Clarke dos anos
60, com ar de autoridade sobre
temas futuristas, e o Clarke do
século 21, mais relaxado, admitindo que, hoje, a corrida espacial soa "como algo tão distante
quanto as cruzadas".
Kubrick paira misterioso sobre os extras, em imagens de
bastidores, mudo, e em uma
entrevista de 1966, mas apenas
em áudio (e sem legendas). Sua
voz agora fantasmagórica evoca o grande protagonista do filme, o supercomputador HAL
-que, insiste Clarke, nada tem
a ver com a IBM.
2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO
Diretor: Stanley Kubrick
Distribuidora: Warner Home Video
Quanto: R$ 35, em média
Avaliação: ótimo
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