São Paulo, domingo, 16 de março de 2008

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Crítica/DVD/"2001: Uma Odisséia no Espaço"

"2001" completa 40 anos com edição especial e entrevista histórica com diretor

Extras do clássico de Kubrick relembram corrida espacial

SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Mais do que apenas um realizador de longas ambiciosos, o norte-americano Stanley Kubrick (1928-1999) tornou-se especialista em filmes-evento, que "nasciam" na imprensa muito antes do lançamento e, quando concluídos, geravam polêmica que se prolongava por meses, anos ou mesmo décadas.
É o caso de "Laranja Mecânica" (1971), até hoje referência obrigatória, embora nada consensual, para discussões sobre as imagens da violência e a violência das imagens. E também de "2001: Uma Odisséia no Espaço" (1968), que completa 40 anos de lançamento no início de abril e cuja edição especial em DVD chega agora ao Brasil.
Presença habitual em listas de clássicos da ficção científica no cinema, gênero que ajudou a modernizar, o oitavo longa de Kubrick alimentou a imaginação até de quem não o viu, graças às imitações e aos pastiches sobre a corrida espacial e o futuro da humanidade.
Futuro que já virou passado, sem que algumas de suas previsões fossem confirmadas. Era algo verossímil, no entanto, que se buscava com a produção de "2001", iniciada em 1965. O material mais revelador dos extras é um curta-metragem promocional de 1966, "A Look Behind the Future" ("um olhar por trás do futuro", mas também trocadilho com a revista "Look", que patrocina a peça).
Com a pompa de quem anuncia a chegada de novos tempos (e de oportunidades publicitárias), o editor da revista, Vernon Myers, afirma que a "exploração celestial" e seus efeitos sobre a humanidade seriam mais facilmente compreendidos pelo público graças ao que Kubrick fazia nos estúdios da MGM em Londres.
A presença de maior destaque nos extras é a do escritor Arthur C. Clarke, autor do conto que deu origem à história, "The Sentinel", e parceiro de Kubrick em todo o projeto.
Aparecem o Clarke dos anos 60, com ar de autoridade sobre temas futuristas, e o Clarke do século 21, mais relaxado, admitindo que, hoje, a corrida espacial soa "como algo tão distante quanto as cruzadas".
Kubrick paira misterioso sobre os extras, em imagens de bastidores, mudo, e em uma entrevista de 1966, mas apenas em áudio (e sem legendas). Sua voz agora fantasmagórica evoca o grande protagonista do filme, o supercomputador HAL -que, insiste Clarke, nada tem a ver com a IBM.


2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO
Diretor:
Stanley Kubrick
Distribuidora: Warner Home Video
Quanto: R$ 35, em média
Avaliação: ótimo


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