|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TELEVISÃO
Crítica
Spike Lee se irrita e faz crítica irada e formidável
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Existe um momento de mudança profunda no cinema de
Spike Lee, que se pode, talvez,
caracterizar como antes e depois do atentado às Torres Gêmeas, em Nova York.
Pois bem, "A Hora do Show" (Cinemax, 19h45; 12
anos) é um filme que precede
esse acontecimento. Temos ali,
de certa forma, um desses pontos altos da irritação de Spike
Lee com os brancos dos Estados Unidos.
Na trama, temos um produtor de TV negro, bem-sucedido,
às voltas com uma estranha encomenda: produzir um programa com (e para) negros que fuja aos padrões bem comportados dos tempos de "politicamente correto".
O produtor acaba entregando nada menos do que um show
que representa os negros como
tolos trabalhadores de uma
plantação sulista. O sarcasmo é
total. Para sua surpresa, o sucesso também.
Com quem se irrita Spike
Lee, afinal? Com os brancos,
com os negros, com a impotência da arte? Desse todo ele faz
um conjunto irado, desequilibrado, formidável.
Texto Anterior: Televisão/O melhor do dia Próximo Texto: José Simão: Ueba! "Caras" em Israel é "Çaras"! Índice
|