São Paulo, quarta-feira, 16 de março de 2011 |
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O mundo de Ota O mítico editor brasileiro da revista "Mad" , Ota Assunção, vira um cara bonzinho , produz jogo para crianças e ganha um filme sobre sua vida
IVAN FINOTTI ENVIADO ESPECIAL AO RIO Ota anda bem preocupado esses dias. Sua reputação de maluco, nojento e grosseirão que não toma banho, duramente construída após 30 anos à frente da edição brasileira da revista de humor "Mad", está em jogo. Tem gente achando que ele está virando bonzinho. É que, recentemente, o velho e bom Ota, 56, deu para abandonar as melecas, as piadas infames e o politicamente incorreto para se dedicar a um singelo joguinho para crianças. Pior: trata-se de uma brincadeira on-line que quer ensinar história do Brasil de um jeito divertido às crianças a partir dos 5 anos. Fãs se revoltam no Facebook (onde tem 638 amigos) e no Twitter (possui 4.714 seguidores). Na manhã de anteontem, um deles deu para xingar o Ota de "velho carola, beato e certinho". Ota respondeu à altura: "Vai tomar no c*, seu filho da p&%$", para logo depois emendar que era uma brincadeira e explicar suas razões. "Estou gostando desse negócio de trabalhar com crianças. Mas é uma fase. Depois eu volto a ser o velho Ota." O velho Ota, quem já foi um adolescente conhece. Ele foi o responsável pela edição da revista "Mad" desde o seu primeiro número, em 1974, pela editora Vecchi. Foi o responsável pela "Mad" quando ela trocou de casa para ser lançada pela Record, em 1984. Foi o responsável quando ela veio para São Paulo, pelas mãos da editora Mythos, em 2000. E também quando passou a ser lançada pela Panini, em 2008 (ainda em circulação). Foi, enfim, o responsável por incutir na cabeça de milhões de adolescentes brasileiros -em seu auge, em meados dos anos 1970, a revista vendia quase 200 mil exemplares mensais- sátiras de diversos aspectos da vida, do entretenimento, da política, das celebridades e da cultura popular em geral. Orgulhoso, Ota considera que, nesses 30 anos à frente de "Mad", ele ensinou "as pessoas a pensar". Mas, demitido da revista pela quarta vez (todas as editoras acima o demitiram; a última foi há dois anos), precisou correr atrás de outras coisas. Aí surgiu a ideia de fazer o tal do joguinho infantil. É por isso que Ota anda preocupado. E resume: "Hay que enternecer, pero sin perder la grossura jamás". Texto Anterior: Mônica Bergamo Próximo Texto: Raio-X Otacílio D'Assunção Índice | Comunicar Erros |
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