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Videoclipe de ``Discothèque''
vem para confundir fãs do U2
ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha
Alguns momentos na história do
videoclipe sedimentaram conceitos, informações, estilos e linguagens que depois viriam a se tornar
``turning points'' do imaginário
de suas épocas. ``Discothèque'',
do U2, é um deles.
Com esse filme, a banda amarra
sua impecável estratégia de marketing sobre seu novo álbum,
``Pop''. Ainda, não deixa dúvidas
de que atravessou os anos 80, mas
é também parte integrante dos 90
(será que ainda havia alguma, depois de ``Zooropa''?)
Só para situar, vamos lembrar
que a turnê de ``Pop'' foi lançada
numa loja de departamentos
(K-Mart): em meio aos outros produtos, os integrantes da banda se
apresentavam sob a plaquinha
``rock'', indicando sua ``seção'',
ao lado da de lingerie, de roupas
masculinas etc.
A capa do álbum remete vagamente ao que seria um Andy Warhol futurista, tecnológico, com o
rosto dos quatro integrantes digitalizados, batizada de ``Popmart''.
O clipe, por sua vez, reúne todos
esses fundamentos. Supercolorido, explica (ou confunde mais) o
universo de ``Pop''. Dirigido pelo
também fotógrafo de moda Stephane Sednaoui, o pós-moderno
``Discothèque'' traz referências da
disco numa faixa que nada disso
aponta; ao contrário, puxa de leve
características do novo tecno, este
misturado às guitarras do rock.
À maneira do brilhantismo de
um ``Stop Making Sense'', o clipe
inunda o espectador de dúvidas:
por que o Village People, por que o
globo de espelhos, por que as dançarinas histéricas; e a pista de dança piscante? O elo de ligação com a
disco talvez esteja na simples vontade de perturbar, de provar que
eles podem fazer o que quiser, que
pouco se importam. De toda forma, um momento excepcional para o rock, para a cultura jovem -e
para o pop.
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