In Rotation
   

Se "Tijuana Frogs" é uma referência a Toro e Pancho, os dois sapos preguiçosos do antigo desenho animado, não sabemos. O que se sabe é que a música é a maior surpresa de "In Rotation", o primeiro álbum dos heróis do drum'n'bass brasileiro Marky e Xerxes. Pois "Tijuana Frogs" dispensa, por alguns minutos, as batidas secas e quebradas que marcam esse gênero que foi abraçado pela periferia paulistana para embarcar numa viagem que tangencia a house. Se o d'n'b tem um futuro, ele passa por essa música.
"In Rotation", sim, contém "LK", aquela que, com um sampler de Jorge Benjor, acampou na parada britânica e permanece chegando a nossos ouvidos há mais de um ano. E contém outras referências brasileiras, principalmente de Gilberto Gil, que participa de "Highlights" e "Dia de Sol" -que abre e fecha o CD, respectivamente. Na primeira, o ministro aparece por meio de um pedaço de "Realce"; na segunda, ele canta mesmo. Curiosamente, são as duas mais fracas do disco. "In Rotation" ganha muito quando Marky e Xerxes olham mais para as raízes do d'n'b do que para a MPB. Com "LK", os dois praticamente criaram -e, talvez, esgotaram- um padrão para o chamado "bossa'n'bass".
Seguir com a fórmula é produzir o que muitos outros estão fazendo hoje em dia. E isso é o que menos precisa o estagnado drum'n'bass. O estilo precisa de coisas como as sacolejantes "Rotation", que já saiu como single, "I Know", que tem a participação dos britânicos Calibre, e "Misto Quente". São canções que olham para a frente e trazem elementos e ritmos que tiram o drum'n'bass da mesmice.
Marky & Xerxes vão ganhando o mundo como DJs. Com o seguro "In Rotation", os dois se estabelecem de vez como produtores de ponta. Não há muito mais que se possa alcançar. (THIAGO NEY)

Artistas: Marky e XRS
Gravadora: Universal
Quanto: R$ 30, em média


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