São Paulo, domingo, 16 de abril de 2006

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Do "star system" brasileiro ao nicho latino nos EUA

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Nos anos 70, Sônia Braga foi musa de dois projetos alimentados pela política nacionalista da ditadura: a Embrafilme e a TV Globo. Ao viver personagens de Jorge Amado na novela "Gabriela" (75) e no filme "Dona Flor e Seus Dois Maridos" (76), virou uma espécie de encarnação da sensualidade brasileira, e sua popularidade explodiu. Depois, alternou filmes ("A Dama do Lotação", "Eu te Amo") e novelas ("Espelho Mágico", "Dancin" Days"), se afirmando como símbolo do "star system" brasileiro.
Quando a Embrafilme começou a dar sinais de falência, optou por continuar investindo na imagem de estrela. O sucesso de "O Beijo da Mulher-Aranha" (85), de Hector Babenco, foi a deixa para que partisse em busca de uma carreira nos EUA. "O Beijo" foi o (raro) bem-sucedido exemplar de um cinema independente de características multinacionais, falado em inglês. E deu muito certo. Passou em Cannes, levou quatro indicações ao Oscar e garantiu à atriz visibilidade no fechadíssimo mercado americano.
Nos EUA, porém, ela foi rapidamente aprisionada pela cultura quase fascista dos nichos mercadológicos, que delimita espaços fixos para os atores de perfil "latino". O sonho cinematográfico foi dando lugar a participações em seriados.
Em 96, Sônia voltou ao universo de Amado com "Tieta", de Carlos Diegues, e agora, dez anos depois, reconcilia-se com a novela, quem sabe para reassumir o posto de estrela brasileira.


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