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Livro traz humor sutil de Luluzinha
Recém-lançado no Brasil, "O Piquinique" mostra a personagem e sua turma em aventuras cotidianas
PEDRO CIRNE
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Luluzinha e Bolinha vivem
em um mundo de inocência,
humor e simplicidade em que
as crianças são quem realmente importa. Os adultos estão
por perto, aparecem e conversam, mas são coadjuvantes. É
esse universo infantil, alegre e
sem preocupações que é retratado no livro "Luluzinha - O Piquenique", lançado recentemente no Brasil.
Este é o terceiro álbum da
editora Devir com histórias dos
inseparáveis Luluzinha (Lulu
Moppet, no original) e Bolinha
(Thomas "Tubby" Tompkins).
No ano passado, foram publicados "Luluzinha Vai às Compras" e "Luluzinha - Menina
Não Entra?".
As aventuras com a pequena
Luluzinha são normalmente
rotuladas como histórias em
quadrinhos para meninas. É
uma maneira de ver: a protagonista é uma menina esperta e
corajosa que foi criada por uma
quadrinista mulher, Marjorie
Henderson Buell (em 1935, para a revista semanal "The Saturday Evening Post"). Mas há
outra forma de enxergar: são
quadrinhos de humor.
Ao ler "O Piquenique", percebe-se que as histórias se baseiam em fatos cotidianos, como ir à praia, participar de uma
festa de aniversário ou tomar
conta de um menino alguns
anos mais novo. Não são tramas mirabolantes, únicas, diferentes. São situações que qualquer um pode ter vivido.
E é aí que brota o humor: nos
detalhes. São diálogos e desenhos que retratam com perspicácia a inocência do mundo infantil. Mérito de John Stanley,
que escreveu e ilustrou as histórias da revista da Luluzinha
de 1945 a 1961. Ele é um bom
desenhista e consegue expressar emoções ou narrar piadas
com poucos e sutis traços.
Stanley também é um bom
roteirista. Ele criou uma história em que, após tomar uma
bronca da professora, Bolinha
resolve sair de casa e fugir para
o México. A pé. Ou outra em
que Luluzinha precisa de dinheiro para comprar um presente de aniversário para a mãe
e, por isso, pede emprestado o
cavalo de um amigo para empalhá-lo e vendê-lo a um museu.
Em nenhum caso eles conseguem o que querem, é claro,
mas isso não é o importante.
Não há maldade nas ações de
Luluzinha e Bolinha. E eles não
são retratados com a inteligência de adultos, o que acontece
em algumas HQs protagonizadas por personagens infantis.
Como muitas crianças que você
conhece, eles são ingênuos,
atrapalhados, solidários, às vezes competitivos. E divertidos.
LULUZINHA - O PIQUENIQUE
Autor: John Stanley (roteiro e desenho) e Irving Tripp (arte-final)
Editora: Devir
Quanto: R$ 23 (136 págs.)
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