São Paulo, quarta-feira, 16 de abril de 2008

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TRECHO

Eu lhe confesso que a mim
me irrita o ver fecharem uma
arte tão "comprometida", tão
engajada, se você me permite o
galicismo, com a vida, em
compartimentos estanques,
como vocês, os puristas da
"música popular", fazem com
relação ao jazz e ao samba, ou,
como fazem os outros, que
ainda são piores, os críticos e
maestros de caspa e casaca
com relação à "música erudita".
Mas, Deus do céu, é tudo uma
música só. Ninguém tem culpa
de nascer preto ou branco, nem
de morar seja no morro seja em
Copacabana. O que é errado é o
preto do morro querer fazer
sambalada de boate, e o
compositor da rua Bolívar
querer bancar o Nelson
Cavaquinho. Não adianta
querer enquadrar a música
porque ela não se deixa
enquadrar.
Extraído de "Carta a Lúcio Rangel", do livro "Samba Falado", de Vinicius de Moraes


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