São Paulo, quinta-feira, 16 de abril de 2009

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"Estômago" vence Prêmio de Cinema

Filme de Marcos Jorge é eleito o melhor longa de ficção, batendo "Meu Nome Não É Johnny", que recebeu seis troféus

Leandra Leal desbancou Sandra Corveloni, de "Linha de Passe", com "Nome Próprio'; Nelson Pereira dos Santos foi homenageado na cerimônia


LUIZ FERNANDO VIANNA
DA SUCURSAL DO RIO

A cerimônia do Grande Prêmio Vivo do Cinema Brasileiro chegava ao final com "Meu Nome Não É Johnny" já com seis troféus Grande Otelo e se encaminhando para a consagração. Mas "Estômago" conquistou as duas últimas categorias, diretor (Marcos Jorge) e filme, e saiu do Vivo Rio com o status de principal vencedor da noite de anteontem.
""Estômago" é uma aventura que deu muito certo envolvendo muita paixão. É a prova de que as lacunas do processo produtivo podem ser preenchidas pela paixão", discursou Marcos Jorge, que já amealhou cerca de 30 prêmios no Brasil e no exterior, segundo o cineasta.
Com 14 indicações cada um, já se esperava que "Estômago" e "Meu Nome Não É Johnny" ficassem com boa parte das estatuetas reservadas aos melhores de 2008 pela Academia Brasileira de Cinema -formada por profissionais da área, que votam pela internet.
"Johnny" ganhou as de ator (Selton Mello), atriz coadjuvante (Julia Lemmertz), roteiro adaptado, montagem, trilha sonora original e som.
Além de filme e diretor, "Estômago" também ganhou os prêmios de melhor filme na votação popular (pela internet), ator coadjuvante (Babu Santana) e roteiro original.
A inclusão nesta última categoria é controversa. O conto "Presos pelo Estômago", de Lusa Silvestre, foi publicado em 2005 no livro "Pólvora, Gorgonzola & Alecrim" (editora Jaboticaba). Mas Silvestre conta que enviou em 2003 um argumento para Marcos Jorge, e que o roteiro, mais amplo do que o conto, nasceu a partir desta ideia. A academia diz confiar em seus filiados.

Para a mãe
O agradecimento do ator Babu Santana, cria do morro carioca do Vidigal, foi um dos melhores numa cerimônia de falas discretas ou não muito inspiradas. "Minha mãe sempre esperou que eu pudesse levar um canudo de faculdade para casa. Espero que isso possa substituir, mãe", disse o ator, erguendo o troféu.
Selton Mello reverenciou em sua fala João Miguel, que era forte candidato por "Estômago", e ressaltou que "foi difícil viver um personagem que estava no set", referindo-se ao ex-traficante de classe alta João Guilherme Estrella -que também estava no Vivo Rio.
Dizendo-se "penetra" na festa do cinema, Marisa Monte preferiu não falar quando subiu ao palco, ao lado dos diretores Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda, para receber o troféu de melhor documentário por "O Mistério do Samba". Mas contou depois o que fará com ele: "Vou dar para a Velha Guarda da Portela".
Leandra Leal ("Nome Próprio"), representada pela mãe por estar em São Paulo, surpreendeu ao superar Sandra Corveloni, melhor atriz no Festival de Cannes de 2008 por "Linha de Passe".
O filme de Walter Salles e Daniela Thomas, aliás, não levou nenhum troféu. Já "Ensaio sobre a Cegueira", do diretor Fernando Meirelles, conquistou quatro nas chamadas categorias técnicas.
Unanimidade da noite foi a homenagem ao cineasta Nelson Pereira dos Santos, 80, aplaudido de pé.
"É o prêmio mais valioso que estou recebendo na minha vida de cinema, porque recebo dos meus colegas nesse caminho de alta inventividade e criação que é o caminho do cinema brasileiro", disse.
Na festa que homenageou a música no cinema, fato curioso foram as vozes dos apresentadores Marília Pêra e Daniel Filho, ouvidas pela plateia como se eles estivessem com a língua presa. A direção da cerimônia afirmou não ter identificado problemas técnicos no som.


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