São Paulo, Sexta-feira, 16 de Abril de 1999
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MÚSICA

Abril pro Rock volta institucionalizado

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local

Mais institucionalizado a cada ano, o festival Abril pro Rock -que começa hoje, em Recife (PE)- se transforma, em sua sétima edição, em plataforma de lançamento de CDs em nível nacional.
Três álbuns de artistas que participam do festival, produzidos por gravadoras de alcance amplo, chegam ao mercado durante o festival -e lá serão lançados oficialmente.
"Fuá na Casa de Cabral" (Sony), segundo disco da banda local Mestre Ambrósio (que fecha a última noite do APR, no domingo), está pronto -e na geladeira- há nove meses. "Com Defeito de Fabricação", de Tom Zé (que também se apresenta no domingo), teve lançamento mundial em setembro do ano passado, mas só agora chega ao país de origem, pela Trama.
O terceiro é prata da casa. A banda Sheik Tosado estréia em disco, também pela Trama, após ter sido revelada na edição 98 do APR.
"Coincidir os lançamentos com o festival foi proposital, da parte das gravadoras e da minha também", afirma o produtor do evento, Paulo André, 31. "É uma forma de aumentar a mídia do festival."
Ele nega que isso signifique alinhamento dos interesses do festival aos das gravadoras. "A maioria das bandas participantes nem tem gravadora. O festival aumenta sem perder a essência", diz.
No grupo de artistas independentes, a maioria é de bandas locais. São estreantes no evento Via Sat, Matalanamão, Hanagorik, Spider e Incognita Rap, DJ Dolores, Songo e Escurinho (este, pernambucano radicado na Paraíba).
Fecham o elenco de pernambucanos Nação Zumbi, Otto, Lula Queiroga, Caju e Castanha, Cascabulho, Devotos, Faces do Subúrbio, Eddie e Sheik Tosado.
De resto, Recife "importa" artistas estabelecidos do resto do Brasil. O mineiro/estrangeiro Sepultura encerra a noite metaleira, no sábado. Marcelo D2, Farofa Carioca e Arnaldo Antunes ajudam a "dar mídia" ao APR (leia programação completa em quadro ao lado).
O evento dá outros sinais de crescimento. A Rede Globo local intensifica cobertura e o canal pago Multishow viaja a Recife para produzir o festival. Segundo Paulo André, o Sesc Pompéia convidou-o a fazer uma edição paulistana deste APR. A intenção não se concretizou, mas já se abriram negociações para que, em 2000, o festival venha também a São Paulo.
Algum encolhimento de custos, dada a crise, acompanha o crescimento institucional. "Em 98, o festival apenas se pagou. Gastamos demais, e neste ano estamos tendo que dar uma enxugada nos custos", afirma o produtor.
Segundo ele, isso não implicará prejuízo à infra-estrutura. "O que fizemos foi abrir concorrências para conseguir preços melhores. A montadora do palco baixou o custo em 50% neste ano. Perguntei como pode tanta diferença, disseram que a crise financeira trouxe outra realidade ao mercado."
Encolhida em custos e em ousadia de programação, a edição 99 do festival que deu visibilidade ao mangue beat de Chico Science e Fred Zero Quatro (de novo exilado do evento, com seu Mundo Livre S/A, por rivalidades entre os produtores locais de shows) dá largada hoje, às 21h30. É ver no que dá.


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