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MÚSICA
Abril pro Rock volta institucionalizado
PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Reportagem Local
Mais institucionalizado a cada
ano, o festival Abril pro Rock
-que começa hoje, em Recife
(PE)- se transforma, em sua sétima edição, em plataforma de lançamento de CDs em nível nacional.
Três álbuns de artistas que participam do festival, produzidos por
gravadoras de alcance amplo, chegam ao mercado durante o festival
-e lá serão lançados oficialmente.
"Fuá na Casa de Cabral" (Sony),
segundo disco da banda local Mestre Ambrósio (que fecha a última
noite do APR, no domingo), está
pronto -e na geladeira- há nove
meses. "Com Defeito de Fabricação", de Tom Zé (que também se
apresenta no domingo), teve lançamento mundial em setembro do
ano passado, mas só agora chega
ao país de origem, pela Trama.
O terceiro é prata da casa. A banda Sheik Tosado estréia em disco,
também pela Trama, após ter sido
revelada na edição 98 do APR.
"Coincidir os lançamentos com o
festival foi proposital, da parte das
gravadoras e da minha também",
afirma o produtor do evento, Paulo André, 31. "É uma forma de aumentar a mídia do festival."
Ele nega que isso signifique alinhamento dos interesses do festival aos das gravadoras. "A maioria
das bandas participantes nem tem
gravadora. O festival aumenta sem
perder a essência", diz.
No grupo de artistas independentes, a maioria é de bandas locais. São estreantes no evento Via
Sat, Matalanamão, Hanagorik,
Spider e Incognita Rap, DJ Dolores, Songo e Escurinho (este, pernambucano radicado na Paraíba).
Fecham o elenco de pernambucanos Nação Zumbi, Otto, Lula
Queiroga, Caju e Castanha, Cascabulho, Devotos, Faces do Subúrbio, Eddie e Sheik Tosado.
De resto, Recife "importa" artistas estabelecidos do resto do Brasil. O mineiro/estrangeiro Sepultura encerra a noite metaleira, no sábado. Marcelo D2, Farofa Carioca
e Arnaldo Antunes ajudam a "dar
mídia" ao APR (leia programação
completa em quadro ao lado).
O evento dá outros sinais de crescimento. A Rede Globo local intensifica cobertura e o canal pago
Multishow viaja a Recife para produzir o festival. Segundo Paulo
André, o Sesc Pompéia convidou-o a fazer uma edição paulistana
deste APR. A intenção não se concretizou, mas já se abriram negociações para que, em 2000, o festival venha também a São Paulo.
Algum encolhimento de custos,
dada a crise, acompanha o crescimento institucional. "Em 98, o festival apenas se pagou. Gastamos
demais, e neste ano estamos tendo
que dar uma enxugada nos custos", afirma o produtor.
Segundo ele, isso não implicará
prejuízo à infra-estrutura. "O que
fizemos foi abrir concorrências para conseguir preços melhores. A
montadora do palco baixou o custo em 50% neste ano. Perguntei como pode tanta diferença, disseram
que a crise financeira trouxe outra
realidade ao mercado."
Encolhida em custos e em ousadia de programação, a edição 99 do
festival que deu visibilidade ao
mangue beat de Chico Science e
Fred Zero Quatro (de novo exilado
do evento, com seu Mundo Livre
S/A, por rivalidades entre os produtores locais de shows) dá largada hoje, às 21h30. É ver no que dá.
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