São Paulo, quinta-feira, 16 de maio de 2002

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GASTRONOMIA

Coma cedo


Com o fuso da Copa da Coréia, a fome chegará a tempo de pegar um restaurante coreano aberto em São Paulo


LAURA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Em tempos de Copa do outro lado do mundo, os brasileiros vão madrugar. Como o café da manhã deve acompanhar os jogos, a fome chegará mais cedo no almoço e no jantar. É uma ótima oportunidade para conhecer os restaurantes coreanos, que costumam fechar, no máximo, às 14h, no almoço, e às 22h no jantar.
E não adianta chegar correndo dez minutos antes. Comer comida típica da Coréia é um verdadeiro ritual e exige tempo -principalmente para conseguir decifrar o cardápio. Uma hora antes do fechamento é o limite, mesmo porque a pontualidade dos coreanos geralmente é britânica.
Os horários dos restaurantes coreanos no Brasil seguem, claro, os costumes do país dos donos. Lá, explica Paula Yunim, do Consulado da Coréia em São Paulo, as pessoas tomam café da manhã bem cedo (muita gente come arroz e carne logo que acorda), almoçam por volta das 11h, meio-dia e jantam entre 17h e 18h.
É uma boa para a saúde também, já que não é aconselhável comer muito, principalmente carne, pouco tempo antes de dormir. Não é preciso ser um gourmet, adepto da culinária exótica, para provar alguns quitutes do país-sede do Mundial 2002 (ao lado do Japão). É claro que há misturas bem estranhas -como um prato com macarrão frio apimentado com ovo cru-, mas o menu tem boas opções para iniciantes.
Para começar, não tem erro. É só deixar o garçom trazer o ban tchan. É uma espécie de couvert servido antes de qualquer um dos pratos. Dependendo do restaurante, podem vir de seis a 12 tipos diferentes de entrada, como acelga cozida com pimenta, salada de alface, pepino e cenoura em conserva, pastel de legumes etc.
Um cuidado importante: a comida coreana é famosa por ser extremamente apimentada (deixa os mexicanos, muitas vezes, no chinelo). Mesmo quando não há nenhum aviso no cardápio ou alerta do garçom, o gosto costuma ter um tom bem picante. Portanto, antes de pegar nos palitinhos (ou no garfo, para quem preferir), peça uma garrafa de água e vá experimentando tudo com calma.
Depois desse primeiro ritual -que pode até acabar com a fome de quem não come muito-, uma boa dica para os marinheiros de primeira viagem é o bur go gi, um dos pratos mais famosos da Coréia. São pedaços bem fininhos de contrafilé que os clientes costumam colocar em uma chapa na própria mesa. Ainda no fogo, a carne é regada por um molho de soja, levemente adocicado, com sementes de gergelim. Para acompanhar, arroz (daquele grudadinho, como o japonês) e sopa de missô.
Com o mesmo esquema da chapa na mesa, há também outros tipos de carnes e até lula e camarão.
E de cachorro? Não. Apesar de ser uma tradição na Coréia, ninguém vai comer -nem aqui nem lá- carne de cão por engano. No Brasil, existem alguns restaurantes que fazem pratos com cachorro clandestinamente (a comercialização é proibida pelo Ministério da Agricultura e Abastecimento). Mas, normalmente, são os mais tradicionais, frequentados quase 100% apenas por coreanos.
Dificilmente essa carne -que geralmente é servida em sopas, com legumes- estará no cardápio e nunca seria servida sem que fosse pedida pelo cliente. Assim como na Coréia, onde também já há pessoas contrárias à tradição, aqui a carne de cão é algo que não está facilmente disponível.
Desfeita a lenda, vamos a outra dica: os coreanos fazem ótimos pratos com frutos do mar. Em São Paulo, há até restaurantes -como o Seoul House (veja quadro abaixo)- em que o cliente escolhe em um aquário o peixe que vai mandar para a cozinha. Isso é só para dar uma idéia de que, mesmo que não aprove o paladar coreano, o brasileiro vai, ao menos, se divertir bastante.



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