|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRÍTICA
Obra espelha um choque de tradições cinematográficas
PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA
Como um filho bastardo de
Frank Capra e Martin Scorsese, P.T. Anderson parece ter
nascido do choque entre o mais
arcaico e o mais moderno cinema
americano. Ao mesmo tempo um
criador de imagens de grande potência e um moralista, ele filma
como um poeta antiquado.
Quarto longa de Anderson,
"Embriagado de Amor" é uma espécie de delírio controlado em
torno do romantismo. O choque
das tradições começa no encontro
do diretor, tido como o que há de
mais moderno no cinema americano, com o comediante Adam
Sandler, considerado o que há de
mais vulgar. Para ele, criou-se o
papel de Brian Egan, solitário,
oprimido pelas sete irmãs.
Brian quer espantar a solidão.
Dedica a vida ao trabalho, mas sonha fazer uma viagem de volta ao
mundo. De preferência, bem
acompanhado. Para viabilizar a
passagem, compra às centenas
pudins de supermercado que, em
promoção especial, lhe permitem
acumular milhas aéreas em velocidade recorde e preço acessível.
A possibilidade de companhia
surge no dia em que ele conhece
Lena (Emily Watson).
Com a mesma exuberância formal dos outros filmes de Anderson, em tom diverso, "Embriagado de Amor" é uma nova variação
em torno do sentimento de culpa.
Aqui, porém, a "moral" do filme e
a possibilidade de superação da
culpa não trazem características
redentoras, apenas românticas.
Embriagado de Amor
Punch-Drunk Love
Produção: EUA, 2002
Direção: Paul Thomas Anderson
Com: Adam Sandler, Emily Watson
Quando: a partir de hoje nos cines Belas
Artes, Espaço Unibanco e circuito
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Mônica Bergamo Índice
|