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São Paulo, sexta-feira, 16 de maio de 2003

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CRÍTICA

Obra espelha um choque de tradições cinematográficas

PEDRO BUTCHER
CRÍTICO DA FOLHA

Como um filho bastardo de Frank Capra e Martin Scorsese, P.T. Anderson parece ter nascido do choque entre o mais arcaico e o mais moderno cinema americano. Ao mesmo tempo um criador de imagens de grande potência e um moralista, ele filma como um poeta antiquado.
Quarto longa de Anderson, "Embriagado de Amor" é uma espécie de delírio controlado em torno do romantismo. O choque das tradições começa no encontro do diretor, tido como o que há de mais moderno no cinema americano, com o comediante Adam Sandler, considerado o que há de mais vulgar. Para ele, criou-se o papel de Brian Egan, solitário, oprimido pelas sete irmãs.
Brian quer espantar a solidão. Dedica a vida ao trabalho, mas sonha fazer uma viagem de volta ao mundo. De preferência, bem acompanhado. Para viabilizar a passagem, compra às centenas pudins de supermercado que, em promoção especial, lhe permitem acumular milhas aéreas em velocidade recorde e preço acessível. A possibilidade de companhia surge no dia em que ele conhece Lena (Emily Watson).
Com a mesma exuberância formal dos outros filmes de Anderson, em tom diverso, "Embriagado de Amor" é uma nova variação em torno do sentimento de culpa. Aqui, porém, a "moral" do filme e a possibilidade de superação da culpa não trazem características redentoras, apenas românticas.


Embriagado de Amor
Punch-Drunk Love
   
Produção: EUA, 2002
Direção: Paul Thomas Anderson
Com: Adam Sandler, Emily Watson
Quando: a partir de hoje nos cines Belas Artes, Espaço Unibanco e circuito



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