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Crítica
"Terra em Transe" decifra hábitos políticos ancestrais
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Quando se diz que "o cinema
brasileiro não sabe contar uma
história", o endereço do lugar-comum enunciado é Glauber
Rocha e seus filmes obscuros.
Ok, aceitemos que Glauber
não consegue contar uma história e que "Terra em Transe" (Canal Brasil, 16h; 14 anos)
é uma confusão, onde não distinguimos quem são os caudilhos que disputam o poder,
nem o que fazer com o desespero do poeta etc.
A história envolve ditadores
e políticos imaginários. Mas estávamos no tempo dos militares. Contar bem essa história
significaria não contá-la.
Talvez seja a história da queda de João Goulart. Mas ela nos
remete a mais longe: a nossos
hábitos políticos ancestrais, ao
gosto pelo fausto palaciano, à
hipocrisia religiosa.
Olhando com atenção veremos que esta história é uma das
poucas bem contadas num país
de tantas histórias obscuras.
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