São Paulo, domingo, 16 de maio de 2010

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Jogo de damas

Fernanda Montenegro e Cleyde Yáconis voltam a contracenar na TV após quase 50 anos; à Folha, falam sobre envelhecer e a qualidade da produção televisiva

João Miguel Júnior/TV Globo
Cleyde Yáconis (à esq.) é Brígida, sogra de Elizabete (Fernanda Montenegro) em "Passione", de Silvio de Abreu, que estreia amanhã

AUDREY FURLANETO
DA SUCURSAL DO RIO

"Uma atriz começa. E permanece sempre inacabada", define Cleyde Yáconis, 87 anos (90 peças de teatro).
Ela estende a Fernanda Montenegro, 80 (mais de 60 espetáculos), o que diz ser seu ofício: nunca estar pronta. "Que nunca fiquemos prontas! Assim continuamos procurando."
Na procura, as duas se cruzaram várias vezes. Nos anos 50, trabalharam juntas em teleteatros dirigidos por Antunes Filho. Chegaram a encenar os mesmos textos em palcos diferentes e figuraram em elencos das mesmas novelas da Globo.
Mas só agora, 50 anos depois das atuações na TV Tupi, voltam a dividir a cena. Estrelas de "Passione", novela para a faixa das 21h que a Globo estreia amanhã, Fernanda e Cleyde veem na televisão a "possibilidade de convívio" e o caminho para o trabalho de qualidade dentro da "indústria pesada".
Ambas costumam trabalhar nas novelas assinadas por Silvio de Abreu, autor de "Passione". Para Cleyde, os textos do novelista oferecem "menos riscos de equívocos". Fernanda avalia o trabalho como "um velho e bom melodrama".
"Meu papel é muito interessante. A personagem é humilhada todo minuto e ainda culpada de tudo", diz Fernanda.
Quanto à elaboração do texto em cena, as atrizes tecem elogios uma à outra. "Cleyde é uma mulher com um repertório deslumbrante, totalmente realizada: pela qualidade da artista que é, pela dedicação quase religiosa ao teatro e pelo talento enorme", diz Fernanda.
Cleyde segue o mote e enaltece a amiga: "Fernanda tem uma carreira consolidada com pesquisas, procuras, aperfeiçoamentos. Um trajeto, sabe? É sólida porque é construída".
Ela completa: "Nós temos afinidades. Minha carreira também foi construída. Sei que, se nós duas não nos encontrássemos, a vida nos aproximaria. Pela mesma maneira de encarar a profissão".
As duas atrizes atenderam a pedido da Folha para falar sobre o reencontro na televisão, a profissão e as aflições do amor, da solidão e de envelhecer.


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