São Paulo, domingo, 16 de maio de 2010

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Virada abre com cubanos e "pendurados"

Evento cultural atrai 10 mil pessoas a show de abertura na Luz; na Prestes Maia, artistas são suspensos pela pele

Maratona, que segue hoje até 18h em vários pontos de São Paulo, deve espalhar 4 milhões em mais de mil atrações programadas

NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
FERNANDA MENA
DA REPORTAGEM LOCAL

No palco, um sujeito tatuado é erguido pelas costas por três ganchos presos ao seu próprio corpo. Conforme ele sobe, os espectadores sentados calmamente em almofadas de uma das salas da galeria Prestes Maia, no centro de São Paulo, observam e aplaudem.
Esse é o clima do "setor" da Virada Cultural dedicado a modificações corporais, no caso, a chamada suspensão.
Na plateia, góticos e punks se misturavam a curiosos. "Já vi muito isso na TV e sempre achei interessante observar como as pessoas suportam tanta dor", disse o assistente administrativo Renato Oliveira, 34, que levou a mãe, 59, ao evento.
A dupla veio do bairro do Tucuruvi, na zona norte de São Paulo, e planejava passar a noite assistindo à série de performances.

Abertura
O público ainda chegava à praça Julio Prestes ontem quando a Virada Cultural 2010 teve início oficialmente, às 18h20, 20 minutos atrasada.
Para dar a largada à maratona de cerca de mil atrações espalhadas pela cidade de São Paulo, uma artista desceu de tirolesa do topo da torre do relógio da Sala São Paulo enquanto tocava acordeão.
Em seguida, já com a presença do prefeito Gilberto Kassab (DEM) e do governador Alberto Goldman (PSDB), o primeiro show da Virada levou ao palco principal do evento os veteranos do grupo cubano Buena Vista Social Club.
"A expectativa é a melhor possível. Esperamos um público muito expressivo e que todo mundo se divirta muito", disse Kassab. No mesmo tom, Goldman afirmou que esperava que a Virada 2010 fosse "mais ampla, com mais atrações e mais gente" do que em 2009.
Prefeito e governador se sentaram na área VIP reservada em frente ao palco e cochicharam durante boa parte do show de Barbarito Torres e Ignacio "Mazacote" Carrillo.
De acordo com a Polícia Militar, o show dos cubanos reuniu cerca de 10 mil pessoas.
Pais com crianças, idosos e jovens transformaram o gramado ao redor da praça em uma pista de salsa, animada pela cerveja quente vendida por alguns camelôs e por garrafas de vinho a R$ 7 cada uma. Quem estava mais longe do palco acabou escalando muretas, grades e portões para enxergar o movimento do grupo.
Às 18h10, antes mesmo do início oficial da Virada, quem procurava entretenimento menos agitado fazia fila para a mostra de filmes sobre o monstro Godzilla no Cine Windsor, cuja programação normal é de filmes pornográficos.
Na praça Roosevelt, a noite começou com jovens vestidos à moda da Idade Média que organizavam sessões de RPG e rodadas de jogos de tabuleiro.


Colaboraram BRUNA BITTENCOURT e ELTON BEZERRA


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