São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2000


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CRÍTICA
Dois novos livros para entender os vinhos

JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA

Dois novos livros sobre vinhos vêm integrar-se à coleção de obras sobre o tema disponíveis no Brasil: "Guia de Vinhos 2000", do inglês Hugh Johnson, e "Vinho: Aprenda a Degustar", do brasileiro Sérgio Inglez de Souza.
No "Guia de Vinhos 2000", Johnson repete a fórmula que levou o livro à sua 24ª edição: um texto de acesso simples e com informações concisas percorre as regiões vinícolas do mundo avaliando os principais produtores e cerca de 6.000 vinhos.
Nenhum canto vinícola parece escapar da lente do escritor britânico.
Desfilam pelas páginas da nova edição do guia tanto os tradicionais pesos pesados da indústria, como França e Itália, quanto regiões raramente abordadas, como Chipre, Inglaterra e o País de Gales.
Uma tabela de safras, um capítulo descrevendo as principais variedades de uvas, outro sobre compatibilização de vinhos e comida e um terceiro que trata do seu serviço completam o livro. É um belo texto de referência para o consumidor.
Já "Vinho: Aprenda a Degustar", apesar do título, dedica apenas 34 das suas 284 páginas para explicar as técnicas de degustação. O livro tem a estrutura típica de uma obra sobre vinhos que discute os diversos tipos de videira, as principais regiões produtoras, a fabricação do vinho, seu serviço, conservação e apreciação.
A parte dedicada às uvas (talvez pela convivência do autor com os parreirais do Instituto Agronômico de Campinas, onde trabalhava o seu pai) é o ponto alto do livro. O resto nem sempre deixa o leitor bem orientado. Em alguns casos, há escorregadelas, como quando explica que um champanhe "blanc de blanc é um vinho branco tranquilo (sem borbulhas)" -sendo que esses vinhos do norte da França são espumantes-, ou contradições, como quando indica que devem ser servidos a 7 ou 8 graus numa página e entre 7 e 13 graus em outra.
Inglez de Souza derrapa também quando, ao se referir à Argentina, afirma que a sua viticultura "tem sido muitas vezes prejudicada por uma parcela dos seus vinhos produzidos na região portenha, úmida e chuvosa". Quando, na verdade, não há registro de produção vinícola nos arredores da cidade de Buenos Aires.
A área dedicada aos melhores produtores precisa também de alguns retoques. Na ala da Califórnia, por exemplo, o autor esquece (a não ser por Beringer) dos principais nomes do lugar, como Phelps ou Caymus. No texto sobre a Espanha, ignora todos os belos Ribera del Duero, entre eles o estupendo Veja Sicília. No texto sobre Portugal, menciona Luis Pato (ainda bem), mas passa batido por todos os vinhos do Alentejo e do Douro, deixando de lado até o lendário Barca Velha. Imperdoável.


Guia de Vinhos 2000     
Autor: Hugh Johnson Editora: Companhia das Letras Quanto: R$ 34,50 (338 págs.)




Vinho: Aprenda a Degustar   
Autor: Sérgio Inglez de Souza Editora: Market Press Editora Quanto: R$ 40 (284 págs.)




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