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CRÍTICA
Dois novos livros para entender os vinhos
JORGE CARRARA
COLUNISTA DA FOLHA
Dois novos livros sobre vinhos vêm integrar-se à coleção de obras sobre o tema disponíveis no Brasil: "Guia de Vinhos
2000", do inglês Hugh Johnson, e
"Vinho: Aprenda a Degustar", do
brasileiro Sérgio Inglez de Souza.
No "Guia de Vinhos 2000",
Johnson repete a fórmula que levou o livro à sua 24ª edição: um
texto de acesso simples e com informações concisas percorre as
regiões vinícolas do mundo avaliando os principais produtores e
cerca de 6.000 vinhos.
Nenhum canto vinícola parece
escapar da lente do escritor britânico.
Desfilam pelas páginas da nova
edição do guia tanto os tradicionais pesos pesados da indústria,
como França e Itália, quanto regiões raramente abordadas, como
Chipre, Inglaterra e o País de Gales.
Uma tabela de safras, um capítulo descrevendo as principais variedades de uvas, outro sobre
compatibilização de vinhos e comida e um terceiro que trata do
seu serviço completam o livro. É
um belo texto de referência para o
consumidor.
Já "Vinho: Aprenda a Degustar", apesar do título, dedica apenas 34 das suas 284 páginas para
explicar as técnicas de degustação. O livro tem a estrutura típica
de uma obra sobre vinhos que
discute os diversos tipos de videira, as principais regiões produtoras, a fabricação do vinho, seu serviço, conservação e apreciação.
A parte dedicada às uvas (talvez
pela convivência do autor com os
parreirais do Instituto Agronômico de Campinas, onde trabalhava
o seu pai) é o ponto alto do livro.
O resto nem sempre deixa o leitor
bem orientado. Em alguns casos,
há escorregadelas, como quando
explica que um champanhe
"blanc de blanc é um vinho branco tranquilo (sem borbulhas)"
-sendo que esses vinhos do norte da França são espumantes-,
ou contradições, como quando
indica que devem ser servidos a 7
ou 8 graus numa página e entre 7 e
13 graus em outra.
Inglez de Souza derrapa também quando, ao se referir à Argentina, afirma que a sua viticultura "tem sido muitas vezes prejudicada por uma parcela dos seus
vinhos produzidos na região portenha, úmida e chuvosa". Quando, na verdade, não há registro de
produção vinícola nos arredores
da cidade de Buenos Aires.
A área dedicada aos melhores
produtores precisa também de alguns retoques. Na ala da Califórnia, por exemplo, o autor esquece
(a não ser por Beringer) dos principais nomes do lugar, como
Phelps ou Caymus. No texto sobre a Espanha, ignora todos os belos Ribera del Duero, entre eles o
estupendo Veja Sicília. No texto
sobre Portugal, menciona Luis
Pato (ainda bem), mas passa batido por todos os vinhos do Alentejo e do Douro, deixando de lado
até o lendário Barca Velha. Imperdoável.
Guia de Vinhos 2000
Autor: Hugh Johnson
Editora: Companhia das Letras
Quanto: R$ 34,50 (338 págs.)
Vinho: Aprenda a Degustar
Autor: Sérgio Inglez de Souza
Editora: Market Press Editora
Quanto: R$ 40 (284 págs.)
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