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CINEMA
Filme de 59 foi eleito pelo American Film Institute
"Quanto Mais Quente Melhor" é a comédia americana do século
AMIR LABAKI
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
José Simão diria que parece pesquisa em parada do orgulho gay
ou retrospectiva do Mix Brasil. É a
consagração da drag queen:
"Quanto Mais Quente Melhor"
(1959), de Billy Wilder, e "Tootsie" (1982), de Sydney Pollack, foram escolhidas como as melhores
comédias americanas do século.
Não pára aí: duas outras comédias que giram em torno do travestismo, "Uma Babá Quase Perfeita" (1993), de Chris Columbus,
no 67º posto, e "Vitor ou Vitória"
(1982), de Blake Edwards, no 76º,
também ficaram entre os cem filmes que mais fizeram os americanos rir. É o que diz mais um levantamento do American Film
Institute (AFI), "100 Years-100
Laughs" (100 Anos - 100 Risadas),
revelado em um especial de 3 horas, na rede de TV americana
CBS, na noite da última terça.
O poder gay no humor vai além:
Cary Grant, quem diria, foi eleito
o maior ator de comédias, estrelando nada menos que oito das
selecionadas, entre as quais
"Núpcias de Escândalo" (1940, 15º
lugar) e "Cupido É Moleque Travesso" (1937, 68º). Já o assumidíssimo George Cukor ("Nascida
Ontem", 1950, 24º) divide o segundo posto entre os diretores
com ninguém menos que Charles
Chaplin e Preston Sturges, todos
com quatro filmes escolhidos.
Com cinco filmes na lista,
Woody Allen é, a um só tempo, o
diretor mais votado e o segundo
ator cômico predileto, empatando aqui com seus ídolos assumidos, os irmãos Marx. "Noivo
Neurótico, Noiva Nervosa"
(1977), na quarta posição , é sua
comédia melhor posicionada. O
título mais votado dos irmãos
Marx, ocupando o quinto posto,
foi "Diabo a Quatro" (1933).
Nesta e noutras fuzarcas filmadas do quarteto, Margaret Dumond (1889-1965) funcionava como escada, em geral como a dondoca a ser azucrinada. Resultado:
aparecendo em quatro das comédias eleitas, três delas ao lado de
Groucho e manos, Dumond acabou dividindo a liderança entre as
atrizes cômicas com a incomensuravelmente superior Katherine
Hepburn ("Levada da Breca",
1938, 14ª posição, "Costela de
Adão", 1949, 22ª).
Estranho? Absurdo? Bem, o que
dizer então de outro empate, no
terceiro posto entre os cômicos,
reunindo, com quatro filmes cada, Charles Chaplin, Buster Keaton, Spencer Tracy e, para orgulho dos fãs do "Saturday Night Live", Bill Murray?
Explique-se logo, sem justificar:
segundo a pesquisa, os anos 80 foram a era áurea do humor no cinema americano: 22 produções
do período classificaram-se, incluindo o já citado "Tootsie" e
"Os Caça-Fantasmas" (28º lugar).
Com 19 filmes, a década de 30
viria logo em seguida, graças às
artes de Chaplin e dos irmãos
Marx. Já o período da comédia
muda emplacou apenas cinco títulos na lista, sendo dois protagonizados por Carlitos ("Em Busca
do Ouro", 25º, e "Luzes da Cidade", 38º) e três estrelados pelo genial Buster Keaton ("A General",
18º, "Sherlock Jr.", 62º, e "Marinheiro por Descuido", 81º).
Os dois últimos são os títulos
mais antigos classificados. O mais
recente é "Quem Vai Ficar com
Mary?" (1998, 27º), dos irmãos
Farrelly. Num alerta aos comediantes em atividade, o levantamento considerou os anos 90 o
pior período de humor no cinema
de todos os tempos.
O público discorda -ao menos, segundo a pesquisa on line
desenvolvida pela AFI (www.afionline.org/100laughs). Numa votação aberta a todos, a lista popular
inclui três comédias dos anos 90
("Fargo", "Private Parts" e "Debi
& Lóide") entre as dez mais e alça
ao primeiro posto "Banzé no Oeste" (1974), de Mel Brooks.
Enquanto isso, em ambas as listas, nada do primeiro "rei da comédia", o dândi Mack Sennett
(1880-1960), ou da anárquica
"Hellzappoin" (1941), de H.C.
Potter, ou ainda, dos solos hilários de Alec Guiness ("As Oito Vítimas", 1949; "Quinteto da Morte", 1955), para ficar em três
exemplos. Só mesmo rindo.
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