São Paulo, sexta-feira, 16 de junho de 2000


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ARTES PLÁSTICAS
Quadros do acervo do Masp participam
Processo criativo de Cézanne é contemplado em mostra européia

CARLOS ADRIANO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM VIENA

Sensação no Kunstforum de Viena, a exposição "Cézanne: Acabado - Inacabado" não virá ao Brasil mas, mesmo assim, traz um interesse de cor local: dois quadros expostos pertencem ao acervo do Museu de Arte de São Paulo (Masp) -"Paul Alexis Lê Manuscrito a Emile Zola" e "Madame Cézanne em Vermelho".
Com 147 obras vindas de outros 68 museus importantes, a mostra, que acaba de ser inaugurada em Zurique, é um delírio estético para o olhar.
A revolução histórica de Paul Cézanne (1839-1906) não se limitou à composição fragmentária de pinceladas sobre a tela. Ele redefiniu estatutos da representação para uma realidade pictórica autônoma, não mais "janela para o mundo", mas arquitetura de formas visíveis.
Configurou o gosto moderno da "obra em progresso" e sua condição inconclusa. Criou como ninguém tantas obras inacabadas, motivo de controvérsia em sua época e de fascínio até hoje.
Paradoxalmente, o "inacabado" em Cézanne é a plenitude do "acabado". Privilegiando o resultado, ele se preocupou com o processo, não com o produto. Nesse viés, os quadros do Masp são representativos.
"Paul Alexis Lê Manuscrito a Emile Zola" (1869-70) é o quadro mais antigo. No óleo sobre tela de dimensões maiores que os retratos, o secretário e o escritor, que manteve com o pintor íntima relação até Cézanne desapontar-se com seu decalque no pintor fracassado de "A Obra" (1886). Ele se identificava mais com o pintor de "A Obra-Prima Desconhecida" (1831) de Balzac. O quadro foi adquirido pelo Masp em 1952, e o valor segurado para a viagem foi de US$ 10 milhões.
"Madame Cézanne em Vermelho" (1888-90) faz coro com os retratos que ele fez de sua mulher. Foi adquirido pelo Masp em 1949, e o valor segurado foi de US$ 30 milhões, informa o diretor do museu João Vicente de Azevedo.
Após Viena, a exposição seguiu para o Kunsthaus de Zurique, sua última parada. Quem não puder pegar um avião, pode navegar no site www.cezanne.com. Ou então esperar até que os Cézannes voltem aos cavaletes do Masp.


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