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ARTES PLÁSTICAS
Quadros do acervo do Masp participam
Processo criativo de Cézanne é contemplado em mostra européia
CARLOS ADRIANO
ESPECIAL PARA A FOLHA, EM VIENA
Sensação no Kunstforum de
Viena, a exposição "Cézanne:
Acabado - Inacabado" não virá ao
Brasil mas, mesmo assim, traz um
interesse de cor local: dois quadros expostos pertencem ao acervo do Museu de Arte de São Paulo
(Masp) -"Paul Alexis Lê Manuscrito a Emile Zola" e "Madame
Cézanne em Vermelho".
Com 147 obras vindas de outros
68 museus importantes, a mostra,
que acaba de ser inaugurada em
Zurique, é um delírio estético para o olhar.
A revolução histórica de Paul
Cézanne (1839-1906) não se limitou à composição fragmentária
de pinceladas sobre a tela. Ele redefiniu estatutos da representação para uma realidade pictórica
autônoma, não mais "janela para
o mundo", mas arquitetura de
formas visíveis.
Configurou o gosto moderno
da "obra em progresso" e sua
condição inconclusa. Criou como
ninguém tantas obras inacabadas, motivo de controvérsia em
sua época e de fascínio até hoje.
Paradoxalmente, o "inacabado"
em Cézanne é a plenitude do
"acabado". Privilegiando o resultado, ele se preocupou com o processo, não com o produto. Nesse
viés, os quadros do Masp são representativos.
"Paul Alexis Lê Manuscrito a
Emile Zola" (1869-70) é o quadro
mais antigo. No óleo sobre tela de
dimensões maiores que os retratos, o secretário e o escritor, que
manteve com o pintor íntima relação até Cézanne desapontar-se
com seu decalque no pintor fracassado de "A Obra" (1886). Ele se
identificava mais com o pintor de
"A Obra-Prima Desconhecida"
(1831) de Balzac. O quadro foi adquirido pelo Masp em 1952, e o
valor segurado para a viagem foi
de US$ 10 milhões.
"Madame Cézanne em Vermelho" (1888-90) faz coro com os retratos que ele fez de sua mulher.
Foi adquirido pelo Masp em 1949,
e o valor segurado foi de US$ 30
milhões, informa o diretor do
museu João Vicente de Azevedo.
Após Viena, a exposição seguiu
para o Kunsthaus de Zurique, sua
última parada. Quem não puder
pegar um avião, pode navegar no
site www.cezanne.com. Ou então
esperar até que os Cézannes voltem aos cavaletes do Masp.
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