São Paulo, quinta-feira, 16 de junho de 2005

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Diogo Vilela produz musical que deve render ainda neste ano homenagem a Cauby Peixoto, que se apresenta às segundas no bar Brahma

Sentimental DEMAIS

Marlene Bergamo/Folha Imagem
Cauby Peixoto e Diogo Vilela, que produz um musical em homenagem ao cantor


MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando desceu ao lado de Diogo Vilela para fazer a foto desta página, o cantor Cauby Peixoto, hipervestido de Cauby Peixoto, parou e perguntou ao ator: -Com chapéu ou sem chapéu?
-Vai de chapéu, está bonito, respondeu Diogo.
-Vale o teu gosto.
O breve diálogo antes que a dupla causasse um frisson numa calçada do centro de São Paulo, onde o cantor se hospeda durante sua temporada no Bar Brahma, mostra um pouco do que deve ser "Cauby - O Musical", sem estréia prevista, que o ator produz sobre o cantor. Tanto o ator o conhece bem quanto Cauby aprova a visão dele sobre o personagem que deve estrear neste ano no Rio ou SP.
"Eu tenho até grilos de ver o show, tenho medo de que ele ache que estou ali só para absorver o personagem", diz Diogo, 45. "Tenho uma intuição muito forte e acho que ele vai gostar do musical. O Cauby é muito generoso."
Em fase de captação de patrocínio, a peça, que terá texto de Flávio Marinho e cenários de Daniela Thomas, é um projeto que o ator acalenta desde outubro de 2003.
"Pensei na possibilidade quando fazia "Tio Vânia", e todo mundo entendia porque queria fazer", afirma Diogo, 45, que se declara fã. "Além de grande cantor, o Cauby tem uma teatralidade inerente. Uma relação com o glamour, com a presença, impecável, fora a voz, que é maravilhosa."
A bem-sucedida experiência em musicais -"Metralha", de 1997, sobre Nelson Gonçalves, ganhou o prêmio Shell- dá segurança ao ator, que faz aulas de canto regularmente. O desafio, para Diogo, era buscar uma encenação que coubesse em Cauby.
"Não queria fazer uma peça realista, como "Metralha", porque a imagem que eu tenho do Cauby é de alguém diferente, que se veste diferente, como se morasse num camarim e de lá só saísse para cantar", afirma Diogo. "A gente imagina o Cauby sempre no camarim, não consigo ver o Cauby como alguém comum."
O ator conta que o fio condutor da peça é uma entrevista com um aspirante a jornalista, que nada conhece sobre o cantor ou MPB. Uma caixa no palco representará o camarim e, à medida em que as perguntas são feitas, as músicas acabam sendo convidadas a contar cenas da vida de Cauby, sem obedecer a uma cronologia.
"É como se fosse uma entrevista enquanto ele faz um show", afirma o ator. No roteiro, são previstos, além de Diogo, seis atores, quatro bailarinos e cinco músicos, num espetáculo que ele mesmo define como grandioso. "É uma grande homenagem, não dava para ser pocket", pondera.
Para seu objetivo, acabou firmando uma parceria importantíssima com Flávio Marinho, escritor a certo ponto íntimo do personagem -ele mesmo já dirigiu Cauby em musicais.
O projeto estreitou relações entre fã e ídolo. Diogo, que mora no Rio, já pegou a ponte aérea algumas vezes para ver os recitais em São Paulo. No entanto, quem for à peça atrás de revelações sobre a vida pessoal que o cantor sempre preservou, pode esquecer.
"Na peça, o repórter faz essa pergunta. E ele, da maneira mais educada, dá uma resposta que encerra a questão", responde Diogo.

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