São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009

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Portal tem conceito de cineclube na internet

Site registra 150 mil visitantes em maio; versão brasileira fica pronta em 2010

Filmes gratuitos constituem o principal atrativo do catálogo, que inclui obras restauradas pela fundação do diretor Martin Scorsese


SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA

Adaptação do conceito de redes sociais da internet às comunidades de espectadores que se formavam (e ainda se formam) em cinematecas e cineclubes, o portal The Auteurs (www.the auteurs.com) planeja, até o primeiro trimestre de 2010, oferecer uma versão brasileira.
"O tráfego global está crescendo 30% a cada mês desde novembro", afirma o argentino Eduardo Constantini, da produtora Costa Films, sócia de The Auteurs ao lado da distribuidora norte-americana Criterion e da francesa Celluloid Dreams.
Em maio, o site registrou 150 mil visitantes únicos. Metade dos internautas cadastrados estão nos EUA, onde o portal foi criado, em 2007. Reino Unido e França vêm em seguida.
"No Brasil, o movimento ainda é muito pequeno. Está em 27º lugar, mas a ideia é que esteja entre os dez primeiros, como o México", diz Constantini, que negocia com "distribuidores brasileiros de filmes independentes" (cujos nomes prefere não citar) o lançamento do portal em português, com oferta inicial de aproximadamente 50 produções nacionais.
Hoje, internautas localizados no Brasil podem participar da comunidade -lendo e escrevendo artigos, por exemplo- e assistir em streaming (sem baixar) ao acervo ainda restrito de filmes cujos direitos de distribuição incluam o país.
São cerca de 150 títulos, nenhum deles nacional, a preços que variam de US$ 1 (R$ 1,95) a US$ 3 (R$ 5,80). Entre os longas disponíveis, figuram inéditos no circuito comercial brasileiro assinados por cineastas de prestígio no circuito de festivais, como "Pickpocket" (1997), do chinês Jia Zhang-ke, "Tropical Malady" (2004), do tailandês Apichatpong Weerasethakul, e "Three Times" (2005), do taiwanês Hou Hsiao-hsien.

Gratuitos
Graças a um acordo firmado durante o último Festival de Cannes com a The World Cinema Foundation, organização sem fins lucrativos criada e presidida pelo cineasta norte-americano Martin Scorsese, o portal começou a exibir gratuitamente, para internautas de todos os países, os filmes restaurados pela fundação.
O primeiro pacote traz o documentário franco-marroquino "Transes" (1981), de Ahmed El Maanouni, e três longas de ficção: o sul-coreano "Hanyo" (1960), de Kim Ki-younk, o turco "Susuz Yaz" (1964), de Metin Erksan, Urso de Ouro em Berlim, e o senegalês "Touki Bouki" (1973), de Djibril Diop Mambéty, prêmio da crítica no Festival de Moscou.
Os filmes gratuitos ainda constituem o principal atrativo no catálogo do portal. "Hoje, os mais vistos nos EUA são os que estamos exibindo gratuitamente pela Criterion Collection, que tem os direitos apenas para o país. Em maio, o número um foi "A Aventura", de Michelangelo Antonioni", afirma Eduardo Constantini.
"Assim como anos atrás íamos a uma sessão de cinemateca e depois a um café para conversar sobre o filme, hoje temos uma nova geração que usa muito a internet. As redes sociais que foram criadas nos últimos cinco anos são uma realidade."
Incluir o "bom cinema" nesse circuito, segundo Constantini, "não é algo para o futuro, mas para o presente".


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