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Portal tem conceito de cineclube na internet
Site registra 150 mil visitantes em maio; versão brasileira fica pronta em 2010
Filmes gratuitos constituem o principal atrativo do catálogo, que inclui obras restauradas pela fundação do diretor Martin Scorsese
SÉRGIO RIZZO
CRÍTICO DA FOLHA
Adaptação do conceito
de redes sociais da internet às comunidades
de espectadores que se formavam (e ainda se formam) em cinematecas e cineclubes, o portal The Auteurs (www.the
auteurs.com) planeja, até o
primeiro trimestre de 2010,
oferecer uma versão brasileira.
"O tráfego global está crescendo 30% a cada mês desde
novembro", afirma o argentino
Eduardo Constantini, da produtora Costa Films, sócia de
The Auteurs ao lado da distribuidora norte-americana Criterion e da francesa Celluloid
Dreams.
Em maio, o site registrou 150
mil visitantes únicos. Metade
dos internautas cadastrados
estão nos EUA, onde o portal
foi criado, em 2007. Reino Unido e França vêm em seguida.
"No Brasil, o movimento ainda é muito pequeno. Está em
27º lugar, mas a ideia é que esteja entre os dez primeiros, como o México", diz Constantini,
que negocia com "distribuidores brasileiros de filmes independentes" (cujos nomes prefere não citar) o lançamento do
portal em português, com oferta inicial de aproximadamente
50 produções nacionais.
Hoje, internautas localizados
no Brasil podem participar da
comunidade -lendo e escrevendo artigos, por exemplo- e
assistir em streaming (sem baixar) ao acervo ainda restrito de
filmes cujos direitos de distribuição incluam o país.
São cerca de 150 títulos, nenhum deles nacional, a preços
que variam de US$ 1 (R$ 1,95) a
US$ 3 (R$ 5,80). Entre os longas disponíveis, figuram inéditos no circuito comercial brasileiro assinados por cineastas de
prestígio no circuito de festivais, como "Pickpocket"
(1997), do chinês Jia Zhang-ke,
"Tropical Malady" (2004), do
tailandês Apichatpong Weerasethakul, e "Three Times"
(2005), do taiwanês Hou
Hsiao-hsien.
Gratuitos
Graças a um acordo firmado
durante o último Festival de
Cannes com a The World Cinema Foundation, organização
sem fins lucrativos criada e presidida pelo cineasta norte-americano Martin Scorsese, o portal começou a exibir gratuitamente, para internautas de todos os países, os filmes restaurados pela fundação.
O primeiro pacote traz o documentário franco-marroquino "Transes" (1981), de Ahmed
El Maanouni, e três longas de
ficção: o sul-coreano "Hanyo"
(1960), de Kim Ki-younk, o turco "Susuz Yaz" (1964), de Metin Erksan, Urso de Ouro em
Berlim, e o senegalês "Touki
Bouki" (1973), de Djibril Diop
Mambéty, prêmio da crítica no
Festival de Moscou.
Os filmes gratuitos ainda
constituem o principal atrativo
no catálogo do portal. "Hoje, os
mais vistos nos EUA são os que
estamos exibindo gratuitamente pela Criterion Collection,
que tem os direitos apenas para
o país. Em maio, o número um
foi "A Aventura", de Michelangelo Antonioni", afirma Eduardo Constantini.
"Assim como anos atrás íamos a uma sessão de cinemateca e depois a um café para conversar sobre o filme, hoje temos
uma nova geração que usa muito a internet. As redes sociais
que foram criadas nos últimos
cinco anos são uma realidade."
Incluir o "bom cinema" nesse circuito, segundo Constantini, "não é algo para o futuro,
mas para o presente".
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