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Nova cumbia virou prima do funk carioca
ADRIANA KÜCHLER
DA REPORTAGEM LOCAL
Exportada da Colômbia
para vários países "hermanos", a cumbia foi durante
muito tempo só mais um ritmo dançante nos salões da
Argentina, como o tango, a
salsa ou o chamamé.
Na segunda metade dos
anos 90, no entanto, com
uma crescente migração do
interior e de outros países
para Buenos Aires, setores
marginais se apropriam do
ritmo e criam uma versão local, a cumbia villera. Prima
do funk carioca, a nova música retrata as "villas miseria"
(favelas) da Grande Buenos
Aires, com levada rápida e letras agressivas, sobre sexo,
drogas e delinquência.
Com a grave crise econômica que invade o país a partir de 2000, o estilo transborda a fronteira da favela e vira
fenômeno urbano. As músicas que cantam o orgulho de
ser pobre viram trilha do novo cinema argentino e das
festas da classe média decadente. Ganham versões politizadas em piquetes e animadas nas torcidas de futebol.
Figuras centrais do fenômeno são bandas como Pibes
Chorros, Yerba Brava e Damas Grátis, liderada por Pablo Lescano, um Roberto
Carlos cumbiero, conhecido
como "sua majestade" e que
faz até sete shows por noite.
Por volta de 2004, após
anos de desprezo de roqueiros, grupos de rock começam
a flertar com a cumbia. Como a Kumbia Queers, de meninas vindas da cena punk,
que gravou o hit "La China es
Cumbianchera" (versão para
"Sheena is a Punk Rocker",
dos Ramones).
Hoje, o baile continua com
a cumbia experimental, obra
de forasteiros vindos dos
EUA e da Europa, como o texano Grant C. Dull, integrante do Zizek, o holandês Dick,
El Demasiado e o americano
Oro 11. Com eles, o ritmo ganha novas coreografias, remixado ao rap, rock e afins.
É difícil, no entanto, que a
cumbia "moderna" caia nas
graças dos amantes do estilo
tradicional, cuja nova sensação é a cumbia romântica do
grupo Nestor en Bloque.
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