São Paulo, terça-feira, 16 de junho de 2009

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Nova cumbia virou prima do funk carioca

ADRIANA KÜCHLER
DA REPORTAGEM LOCAL

Exportada da Colômbia para vários países "hermanos", a cumbia foi durante muito tempo só mais um ritmo dançante nos salões da Argentina, como o tango, a salsa ou o chamamé.
Na segunda metade dos anos 90, no entanto, com uma crescente migração do interior e de outros países para Buenos Aires, setores marginais se apropriam do ritmo e criam uma versão local, a cumbia villera. Prima do funk carioca, a nova música retrata as "villas miseria" (favelas) da Grande Buenos Aires, com levada rápida e letras agressivas, sobre sexo, drogas e delinquência.
Com a grave crise econômica que invade o país a partir de 2000, o estilo transborda a fronteira da favela e vira fenômeno urbano. As músicas que cantam o orgulho de ser pobre viram trilha do novo cinema argentino e das festas da classe média decadente. Ganham versões politizadas em piquetes e animadas nas torcidas de futebol.
Figuras centrais do fenômeno são bandas como Pibes Chorros, Yerba Brava e Damas Grátis, liderada por Pablo Lescano, um Roberto Carlos cumbiero, conhecido como "sua majestade" e que faz até sete shows por noite.
Por volta de 2004, após anos de desprezo de roqueiros, grupos de rock começam a flertar com a cumbia. Como a Kumbia Queers, de meninas vindas da cena punk, que gravou o hit "La China es Cumbianchera" (versão para "Sheena is a Punk Rocker", dos Ramones).
Hoje, o baile continua com a cumbia experimental, obra de forasteiros vindos dos EUA e da Europa, como o texano Grant C. Dull, integrante do Zizek, o holandês Dick, El Demasiado e o americano Oro 11. Com eles, o ritmo ganha novas coreografias, remixado ao rap, rock e afins.
É difícil, no entanto, que a cumbia "moderna" caia nas graças dos amantes do estilo tradicional, cuja nova sensação é a cumbia romântica do grupo Nestor en Bloque.

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