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Meneses depois do pesadelo
Recuperado de cirurgia no pulso, o violoncelista
inclui o Brasil em sua intensa agenda de concertos
Chico Porto - 5.set.07/JC Imagem
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Antonio Meneses toca em Olinda, em seu Estado natal (PE)
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
De um tumor no pulso direito, Antonio Meneses extraiu um livro de memórias.
Mais celebrado instrumentista brasileiro de cordas de
todos os tempos, o pernambucano radicado na Basileia
(Suíça) resolveu
narrar a história
de seus 52 anos
de vida.
"A ideia não é
fazer uma biografia, mas contar
coisas importantes
que me aconteceram",
diz. O músico está sendo auxiliado na empreitada pelos
jornalistas João Luiz Sampaio, de "O Estado de S.Paulo", e Luciana Medeiros, assessora de imprensa.
"O livro é uma mistura de
memórias pessoais e reflexões sobre música", diz Sampaio. A primeira parte da
obra -ainda sem título-
conta a trajetória de Meneses
da infância à consagração.
Há episódios como a vitória no Concurso Tchaikovski,
de Moscou, as gravações com
a Filarmônica de Berlim, do
mítico regente Herbert von
Karajan, e o período com o
Beaux Arts Trio.
A segunda metade do livro
trata do violoncelo e seu repertório e das atividades pedagógicas de Meneses.
TUMOR BENIGNO
Tudo começou no final do
ano passado. "Havia a previsão de operar um tumor benigno que estava crescendo
no pulso direito, e a Rosana
Lanzelotte [cravista e parceira musical] sugeriu que eu
aproveitasse o período que ficaria sem tocar para escrever
o livro", conta o músico.
Feita a cirurgia em 29/12,
Meneses deu seu depoimento aos jornalistas no começo
deste ano. Acompanhada de
um CD que está sendo gravado, a obra deve sair pela Algol Editora no final de outubro, quando ele toca na Sala
São Paulo, com a Osesp.
Restabelecido da operação
e em plena atividade de concertos, ele vem ao Brasil em
julho. Estreará no Festival de
Inverno de Campos do Jordão um duo com a pianista
portuguesa Maria João Pires
e lançará um disco gravado
com a orquestra britânica
Northern Sinfonia.
"O duo com Maria João começou meio por acaso. Eu ia
tocar no Brasil com [o pianista] Menahem Pressler [de 86
anos, que foi seu parceiro no
Beaux Arts Trio]. Glória Guerra, que é a agente de ambos,
fez a intermediação entre
nós", conta.
Meneses só vai encontrar a
futura parceira em Campos
do Jordão. "Minha expectativa é a melhor possível, porque a Maria João tocou música de câmara a vida inteira, e
isso faz a diferença."
O concerto marcará o lançamento de seu disco com
um par de concertos do mestre austríaco do classicismo
Joseph Haydn (1732-1809),
ao lado do concertino do pernambucano Clóvis Pereira.
A ser editado internacionalmente pela Avie Records,
e aqui pelo selo Clássicos, o
CD não tem maestro -Meneses é o diretor musical. "Não
faço isso muito, porque as
oportunidades não aparecem. De qualquer forma, se
houver um bom regente, prefiro trabalhar com ele."
Para 2011, ele prevê o lançamento de um DVD com sonatas do compositor barroco
veneziano Antonio Vivaldi
(1678-1741), acompanhado
do cravo de Lanzelotte e do
violoncelo de David Chew.
Ao interpretar o repertório
desse período, Meneses emprega seu violoncelo montado da maneira moderna, mas
lança mão de um arco barroco, e algumas técnicas interpretativas aprendidas da escola da música "de época".
"Aprendi muito com as
ideias do barroco, mas seria
falso tentar fazer meu violoncelo imitar o da música antiga", diz. "Eu diria que faço
um barroco moderno."
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