São Paulo, quarta-feira, 16 de junho de 2010 |
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CONEXÃO POP THIAGO NEY -thiago.ney@uol.com.br O futebol explica o mundo
EXISTE COISA mais legal do que Copa do Mundo? Não interessa se o placar fica no 1 a 0, no 1 a 1, se temos de acordar às 8h30 para assistir a vários França x Uruguai ou Argélia x Eslovênia. É Copa do Mundo. Ponto. É legal por tudo o que a envolve, do álbum de figurinhas aos bolões, ao Twitter, ao "Cala Boca Galvão", ao Maradona, à torcida da Dinamarca. Esse "tudo o que a envolve" chega a ser infinito quando a referência é o futebol no geral. Talvez apenas o beisebol -para os EUA- rivalize em intensidade de fanatismo, crença em superstições. Por isso o futebol estimula tanta gente a contar tantas histórias deliciosas em livro. A bibliografia em língua inglesa é imensa; no Brasil, está, aos poucos, se fortalecendo. Se você ainda não leu "Febre de Bola", de Nick Hornby, não perca tempo. Ou "Como o Futebol Explica o Mundo", em que Franklin Foer radiografa as principais rivalidades entre clubes de diversos países. São livros que vão te apaixonar mesmo que você seja daqueles que nunca foram a um estádio e que não sabem quem foi Tupãzinho. Esses dois você acha fácil em livrarias daqui. Por meio de recomendação de um amigo, cheguei em "Brilliant Orange: The Neurotic Genius of Dutch Football" (Laranja Brilhante: o genioso e neurótico futebol holandês), de David Winner, publicado pela primeira vez em 2000. Segundo resenhas, o autor disseca como a cultura holandesa incorporou fortemente o futebol, desde o nascimento do Futebol Total de Rinus Michels e Cruyff (craque que encantou até mesmo o bailarino Rudolf Nureyev) até o êxodo de jogadores nos anos 1980/1990 que influenciou clubes como Barcelona e Milan. Já encomendei. Também coloquei no carrinho de compras "The Last Game", em que Jason Cowley comenta, através de memórias e experiências pessoais, as transformações por quais passou o futebol inglês nos últimos anos. Cowley dedica atenção especial à partida entre Arsenal (o time dele) e Liverpool em 26 de maio de 1989, que decidiu o campeonato inglês. O Arsenal tinha que ganhar por dois gols de diferença. E ganhou por 2 a 0 -com o segundo gol marcado no último minuto (em "Febre de Bola", Hornby também escreve sobre). Mais perto do Brasil é "Futebol ao Sol e à Sombra" (L&PM), do uruguaio Eduardo "As Veias Abertas da América Latina" Galeano. Nas palavras do autor, o livro é "uma homenagem ao futebol e também uma denúncia do esporte como um negócio sujo da indústria do espetáculo". À parte a teorização esquerdista, Galeano abre capítulos para Romário, Nilton Santos, Zico, Garrincha, Pelé, Heleno de Freitas e Jairzinho, entre outros. Do livro ao filme. O futebol aqui é apenas uma tangente, mas poucas sequências são tão bonitas quanto a câmera que desliza sobre um lotado estádio do Huracán, em Buenos Aires, em "O Segredo dos Seus Olhos", dirigido por Juan José Campanella. O Oscar de filme estrangeiro neste ano não foi à toa. Texto Anterior: DVDs Próximo Texto: Música: Tatiana Parra se mostra solo em "Inteira" Índice |
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