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Jorge Mautner lança 'Estilhaços
de Paixão' na Internet e em CD
da Reportagem Local
O eterno menestrel da MPB Jorge
Mautner, 56, apresentou na última
quarta-feira, na Funarte, em São
Paulo, seu novo disco, "Estilhaços
de Paixão".
Inaugurou também sua página
na Internet (http:// www.culturalnet.com/jorgemautner/), que dá
acesso, desde já, à audição integral
do CD, que só deve ser lançado em
16 de julho, pela gravadora Velas.
Não há contradição entre o velho
violino e o "cyberspace" dos anos
90, segundo ele. "Eu sempre fui
fractal", diz o cantor e compositor
carioca.
Identificado na MPB como pertencente ao grupo dos "malditos", Mautner chega ao oitavo disco em 39 anos de carreira.
Exilado no período 1965-1971, só
conseguiu gravar seu primeiro álbum na volta ao Brasil, com "Para
Iluminar a Cidade" (1972, PolyGram, fora de catálogo).
Os anos pré-exílio, no entanto,
mantêm-se presentes no Mautner
de 1997: além de estar relançando
seu primeiro livro, "Deus da Chuva e da Morte", de 1962, coloca no
novo disco composições esquecidas desde o início de sua carreira.
"A música que dá título ao disco
é uma inédita de 1958, muito existencial, um bolero filosófico. Acho
que ela não perdeu a atualidade, a
atualidade é agora."
Outras dessa mesma safra são
"Quando a Tarde Vem" ("um
Tom Jobim enlouquecido") e
"Olhar Bestial", composta em
1958 e lançada antes em versão ao
vivo em "Para Iluminar a Cidade". "Mas lá só havia um pedaço.
Gravo inteira pela primeira vez."
Não-inéditas também são "Orquídea Negra", que Zé Ramalho
lançou em disco homônimo, no
início dos 80, "Viajante", gravada antes por Fagner, e "A Bandeira do Meu Partido", homenagem
ao PC do B que Mautner lançou
antes em "Antimaldito" (1985).
A única peça que não é de sua autoria (solo ou com o eterno parceiro Nelson Jacobina, também arranjador do álbum) é "Dona Catulina". "O Boi", só lançada em
compacto em 1977, Mautner considera "semi-inédita".
Trata-se de poema de Castro Alves que Mautner fundiu a um tema
folclórico nordestino para homenagear o pernambucano Chico
Science, morto no início do ano
(que havia gravado, em seu último
disco, o "Maracatu Atômico" de
Mautner).
"Ele era formidável, genial. Ele
ter gravado 'Maracatu Atômico'
comprova, modéstia à parte, a
atualidade do velho profeta", diz.
As restantes entre as 15 faixas de
"Estilhaços de Paixão" são inéditas ("tenho 2.000 páginas publicadas, mas pelo menos 15 mil inéditas em baú").
"Canto do Espanto" traz o vocal do cantor Celso Sim, parceiro
de Mautner no disco anterior,
"Pedra Bruta" (1992).
Mautner mostra-se satisfeito
com o resultado do primeiro CD
em cinco anos: "É o mais clássico
de todos que fiz. Estou cantando
bem, as condições de estúdio foram boas, há menos dissonância".
Na homepage, confessa quase
não ter encostado. O trabalho foi
feito por João Ramires e inclui,
além do novo disco completo, texto biográfico sobre Mautner, discografia (os trabalhos em catálogo
podem ser ouvidos pela rede), bibliografia e letras cifradas de algumas de suas canções.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
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