PAULO VIEIRA
Editor-adjunto da Ilustrada

Uma faceta menos conhecida do homem que talvez seja o artista plástico mais popular de São Paulo -é autor do Monumento às Bandeiras e da estátua equestre de Duque de Caxias- está em exposição na Galeria Ricardo Camargo.
Victor Brecheret (1894-1955), escultor que, à maneira de Rodin em Paris, tem obras espalhadas por várias bairros de São Paulo, é objeto de uma mostra que destaca desenhos e esculturas, que não obedecem a um temário específico.
Há peças em terracota, mármore e bronze -duas das quais homenageiam a atriz Maria Della Costa, uma delas com 1m90 de altura.
Embora algumas peças mostrem um escultor destacado, perito especialmente em art-decô ou se interessando por temas brasileiros, é nos desenhos que está o melhor da mostra.
Pertencentes ao acervo de um dos filhos do escultor, Victor Brecheret Filho, os desenhos são poucas vezes autônomos. A maioria é claramente estudo para as esculturas de Brecheret. Feitos quase em sua totalidade em tinta china e com o papel revelando conservação inadequada, os desenhos exibem faces distintas do artista.
Há um pastel de 1914, época em que estudava escultura e anatomia em Roma, com Dazzi. Seu "Nu Masculino" naturalista revela um desenhista desenvolto, aparelhado para estudos anatomistas. Mas é exceção perto do conjunto despojado e figurativo que se segue. Utilizando-se apenas da linha, produz contornos de homens e mulheres em movimento -obras que se avolumavam na década de 40. Nos últimos anos de vida, desenhou índios e animais simplificadíssimos.
A mostra, que não se submete a uma curadoria técnica, se destaca exatamente pela informalidade, por revelar diferentes anos de produção de um grande artista e pelo preço acessível de alguns desenhos (alguns por US$ 2.000).

Exposição: Brecheret - Desenhos e Esculturas Onde: Galeria Ricardo Camargo (r. Frei Galvão, 121, Jardim Paulistano, tel. 011/211-3879)
Quando: até 12 de julho (seg. a sex., 10h às 19h30; sáb., 11h às 14h)
Vernissage: hoje, 19h



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