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FILMES
TV PAGA
"Sobre Meninos e Lobos" transluz duplicidade da vida
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Às vezes alguém pergunta
por que mesmo os filmes
menores de Clint Eastwood merecem elogios dos críticos. A resposta é muito simples: basta compará-lo aos filmes da maior parte
dos outros realizadores. No drama, no melodrama, no faroeste,
Eastwood sempre tem um ponto
de vista próprio a expor, algo a desenvolver que preserva a coerência do conjunto de sua obra.
Não importa tanto qual a origem do argumento de "Sobre Meninos e Lobos" (HBO, 21h),
por exemplo. Na história dos três
amigos de infância que se reencontram na maturidade, Eastwood coloca seu olhar pessoal
com muita ênfase.
Vejamos: Sean Penn é o ex-criminoso cuja filha é assassinada.
Kevin Bacon é o que se tornou policial e investiga o caso. Tim Robbins é aquele que, em menino, foi
violentado por um padre e que
hoje ainda convive com esse trauma. Ele é, por isso mesmo, o principal suspeito do assassinato.
O desenvolvimento da trama é
razoavelmente vulgar, assentando-se em mal-entendidos. No entanto, o filme nos interessa e nos
prende a atenção. É possível que
isso se dê, ao menos em parte, devido à atuação do elenco -que é
uma virtude de diretor, diga-se.
Mas existe, antes de tudo, esse
apego de Eastwood à duplicidade
da vida. Seus personagens sempre
têm duas vidas. É o caso, aqui, de
Tim Robbins: sua primeira vida
ficou na infância, precede o momento da violentação. A segunda
vem depois. A segunda, no mais,
dificilmente pode ser chamada de
vida: ele tornou-se um fantasma.
Sua existência é somente a confirmação da morte moral que o atingiu na infância.
Por que ele sente as coisas assim? O filme não explica. Há um
quê católico nisso, é evidente: se
algo de ruim acontece, a culpa deve recair sobre a vítima. É assim
também em "O Homem Errado",
de Hitchcock, não é? Eastwood
coloca-se aqui, bem incisivamente, como um cineasta "à altura do
homem". Ou seja: em briga com
Deus.
TV ABERTA
Freira ajuda criminoso em "Os Últimos Passos de ..."
Querida, Nós Encolhemos
SBT, 14h15.
(Honey, We Shrunk Ourselves). EUA,
1996, 74 min. Direção: Dean Cundley.
Com Rick Moranis, Eve Gordon. Depois
de encolher e esticar crianças, o cientista
Moranis faz ele e a mulher encolherem. A
idéia, que também não é assim tão
grande, também vai encolhendo. Feito
para TV.
O Homem da Música
SBT, 16h.
(The Music Man). EUA, 2003 ,150 min.
Direção: Jeff Bleckner. Com Matthew
Broderick, Kristin Chenoweth, Debra
Monk. Vendedor ambulante travestido
de professor de música chega a pequena
cidade disposto a aplicar um golpe nos
moradores locais: diz que formará uma
banda, ensinando a garotada local por
método revolucionário e já trata de
embolsar o dinheiro dos instrumentos e
tal. Mas ele se apaixona pela
bibliotecária, e toda a história vai mudar.
Antigo sucesso da Broadway em filme
para a TV. A observar. Inédito.
Os Últimos Passos de um
Homem
Record, 22h.
(Dead ManWalking). EUA,1995, 121 min.
Direção: Tim Robbins. Com Susan
Sarandon, Sean Penn, Robert Prosky.
Freira recebe pedido de ajuda de um
condenado à morte. Topa e, entre outras,
passa a escutar todas as atrocidades que
cometeu. O lance do filme é levar o
espectador a concluir que, por mais
detestável que seja o criminoso, a pena
de morte continua sendo uma barbárie.
É mais fácil concordar com a idéia do que
acompanhar o filme.
D-Tox
Globo, 23h.
(D-Tox). EUA, 2000, 96 min. Direção: Jim
Gillespie. Com Sylvester Stallone, Tom
Berenger, Polly Walker. Stallone em
maré de azar. Está numa clínica,
recuperando-se de trauma sofrido nas
mãos de criminoso, quando o local se
transforma em alvo de um serial killer. Aí
é curar rapidinho do estresse ou morrer.
Apocalipse - Terror em Berlim
SBT, 23h30.
(Apokalipso - Bombbentimmung in
Berlin). Alemanha,1999, 95 min. Direção:
Martin Walz. Com Armin Rohde, Amalie
Bizer. Seita acredita que, na virada do
milênio, só um belo sacrifício pode salvar
a humanidade. Em vista disso, decide
matar a poder de bombas a primeira
criança nascida em Berlim no ano 2000.
Inédito.
Na Mira do Inimigo
SBT, 1h20.
(Four Dogs Playing Poker). EUA, 2000, 98
min. Direção: Paul Rachman. Com Olivia
Williams, Balthazar Gety, Forrest
Whitaker. Quatro ladrões e amigos,
pilhados após roubarem uma estatueta
de Degas em Buenos Aires, são forçados
pelo colecionador Whitaker a aparecer
com US$ 1 milhão. A única maneira de
isso acontecer é levantando o dinheiro
do seguro de vida. Para tanto, seria
preciso que um deles morresse.
Escrava do Prazer
Bandeirantes, 2h30.
(Call Girl). EUA, 1995, 85 min. Direção:
Robert Spera. Com Melanie Hall, Vincent
Dale. Fotógrafa talentosa vê sua
exposição fracassar. Sem um tostão
furado no bolso, torna-se "call girl",
enfrentando os perigos atinentes à
prostituição e aos filmes vagabundos.
O que Terá Acontecido a Baby
Jane?
SBT, 3h10.
(What Ever Happened to Baby Jane?).
EUA,1962, 132 min. Direção: Robert
Aldrich. Com Bette Davis, Joan Crawford.
Bette, a Baby Jane, ex-menina prodígio,
assiste, em idade madura, o sucesso
fulgurante da irmã (Crawford), enquanto
seus filmes fracassam miseravelmente.
Aí ela dá início a um festival de
atrocidades contra a irmã, que fazem de
"Baby Jane" um exemplo do terror em
ritmo de Grand Guignol. Em branco-e-preto. Só para São Paulo.
(IA)
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