São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002

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CRÍTICA

Conflito entrecorta a obra

DA REPORTAGEM LOCAL

Dos álbuns de Zeca Baleiro, este é o mais desfocado, o menos certeiro. Quer ter (deliciosos) teclados jovem-guardistas, parafernália de samba, (fofas) cordas, programações mirabolantes, citações fartas ao cancioneiro brasileiro, rap, rock, tudo ao mesmo tempo, ao ponto de haver choques cá e lá. O texto de "Pet Shop Mundo Cão" comprova que o conflito é o soluço que entrecorta todo o CD.
A veia firme e paradoxal do cético apaixonado traz conflito interno a cada canção. As melodias mais engenhosas (e lindamente "românticas"), de "Telegrama", "O Hacker", "Um Filho e um Cachorro" e "Fiz Esta Canção" são furadas pela metodologia cáustica do autor, já quase fórmula.
Um princípio de rancor indiferenciado contra meninas dos Jardins, modelos magrelas, colonizados drum'n'bass e manos rappers invade a doçura sempre presente em cada tirada poética de Zeca.
A impressão sonora final é de sinceridade e de confusão. O artista chega a seu momento de máximo desconforto até aqui, criativo, mas desfocado. E esta não é uma resenha risonha.
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)


Pet Shop Mundo Cão    
Artista: Zeca Baleiro
Lançamento: MZA/Abril
Quanto: R$ 23, em média



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