São Paulo, quarta-feira, 16 de agosto de 2006

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"O Homem do Castelo Alto" e "Valis" chegam às livrarias até o final do ano

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Se o filme não chega ao Brasil, o mesmo não se pode dizer sobre os livros. A editora Aleph, responsável pelo relançamento de clássicos da ficção científica como "Neuromancer", de William Gibson, e "Laranja Mecânica", de Anthony Burguess, lança dois livros de K. Dick ainda neste semestre.
O primeiro deles chega às livrarias no começo de setembro e é uma de suas obras-primas. "O Homem do Castelo Alto", publicado em 1962, transcorre no começo dos anos 60 em um mundo em que o Eixo ganhou a Segunda Guerra Mundial e dividiu os Estados Unidos em duas metades: a costa Leste ficou com a Alemanha, e a costa Oeste, com o Japão. Outras conseqüências da vitória nazista garantem o extermínio dos povos africanos, a transformação do Mediterrâneo em lavoura e a colonização espacial.
Mas a maior parte da ação acontece na Los Angeles orientalizada, em que um oficial do Exército japonês e um judeu fugitivo têm seus caminhos estranhamente cruzados. Acrescente à história um misterioso escritor -o personagem do título- que lançou um livro clandestino e um matador de aluguel posto em seu encalço, discussões sobre autenticidade e cópia e personagens guiados pelo I-Ching (como o próprio autor) e, "voilá", um clássico.
"Valis", o segundo livro de K. Dick a chegar às livrarias neste ano, não é propriamente ficção. O livro foi escrito após um surto esquizofrênico (ou uma revelação divina, ele mesmo nunca soube responder) que aconteceu com o escritor no meio dos anos 70, quando passou dois meses achando que habitava duas épocas diferentes.
Escritor da geração seguinte ao período de ouro da ficção científica (de nomes como Arthur C. Clarke e Isaac Asimov), K. Dick escrevia constantemente e fazia livros para pagar as contas, se submetendo a sessões de escrita que duravam dias e eram abastecidas com comprimidos para não dormir. Aliado ao fato de ter perdido a irmã gêmea no parto, o consumo de drogas o isolou e o tornou paranóico, levando-o, provavelmente, à visão que teve na década de 70.
"Valis" (1978) é um calhamaço que funciona como tentativa de explicar o que aconteceu naquele período e de exorcizar fantasmas que o acompanhavam desde então. O livro nunca foi publicado no Brasil, ao contrário de "Castelo Alto", que saiu nos anos 60, mas está fora de catálogo. (AM)


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