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"O Homem do Castelo Alto" e "Valis" chegam às livrarias até o final do ano
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Se o filme não chega ao Brasil, o mesmo não se pode dizer
sobre os livros. A editora Aleph,
responsável pelo relançamento
de clássicos da ficção científica
como "Neuromancer", de William Gibson, e "Laranja Mecânica", de Anthony Burguess,
lança dois livros de K. Dick ainda neste semestre.
O primeiro deles chega às livrarias no começo de setembro
e é uma de suas obras-primas.
"O Homem do Castelo Alto",
publicado em 1962, transcorre
no começo dos anos 60 em um
mundo em que o Eixo ganhou a
Segunda Guerra Mundial e dividiu os Estados Unidos em
duas metades: a costa Leste ficou com a Alemanha, e a costa
Oeste, com o Japão. Outras
conseqüências da vitória nazista garantem o extermínio dos
povos africanos, a transformação do Mediterrâneo em lavoura e a colonização espacial.
Mas a maior parte da ação
acontece na Los Angeles orientalizada, em que um oficial do
Exército japonês e um judeu
fugitivo têm seus caminhos estranhamente cruzados. Acrescente à história um misterioso
escritor -o personagem do título- que lançou um livro
clandestino e um matador de
aluguel posto em seu encalço,
discussões sobre autenticidade
e cópia e personagens guiados
pelo I-Ching (como o próprio
autor) e, "voilá", um clássico.
"Valis", o segundo livro de K.
Dick a chegar às livrarias neste
ano, não é propriamente ficção.
O livro foi escrito após um surto esquizofrênico (ou uma revelação divina, ele mesmo nunca soube responder) que aconteceu com o escritor no meio
dos anos 70, quando passou
dois meses achando que habitava duas épocas diferentes.
Escritor da geração seguinte
ao período de ouro da ficção
científica (de nomes como Arthur C. Clarke e Isaac Asimov),
K. Dick escrevia constantemente e fazia livros para pagar
as contas, se submetendo a sessões de escrita que duravam
dias e eram abastecidas com
comprimidos para não dormir.
Aliado ao fato de ter perdido a
irmã gêmea no parto, o consumo de drogas o isolou e o tornou paranóico, levando-o, provavelmente, à visão que teve na
década de 70.
"Valis" (1978) é um calhamaço que funciona como tentativa
de explicar o que aconteceu naquele período e de exorcizar
fantasmas que o acompanhavam desde então. O livro nunca
foi publicado no Brasil, ao contrário de "Castelo Alto", que
saiu nos anos 60, mas está fora
de catálogo.
(AM)
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